Nota do autor: Este jogo foi analisado numa PlayStation®4 original.
Quatro anos após a incoerência e desilusão que foi Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, Kojima Productions voltam às luzes da ribalta com o seu novo título, Death Stranding. Mas será que o jogo nos vai devolver a genialidade que fez parte da série Metal Gear, com uma nova cara?
Começando pelo mais fácil, os gráficos do jogo estão fenomenais e como sempre, faz parte da imagem de marca da Kojima Productions a qualidade dos gráficos serem dos melhores possíveis à data de lançamento. Apesar de ser o mesmo motor de jogo que Horizon: Zero Dawn, o mundo de Death Stranding é muito mais inanimado, débil e cheio de surpresas. Em todo o jogo, consegue-se ver a dedicação em trazer algo diferente com este título pelos locais que lembram bastante a Islândia, com os seus tons de cinzento, verde e branco, passando pelas personagens e seres que habitam este mundo novo desde o acontecimento que despoletou tudo isto. Todos os detalhes relativos a uma caixa de entrega estão cá; a ferrugem que é “adquirida” ao longo da viagem, os danos causados pelos seres que vamos encontrando no nosso caminho que nos dificultam a vida ou até pelos acidentes que vamos tendo nos terrenos bastante acidentados. A forma como o céu é representado também é muito importante, pois vai determinar várias alturas do jogo em que irão ter que colocar os vossos instintos à prova, e escolher o melhor caminho de acordo com o tempo.
E por falar em tempo, seja a grandeza física ou o estado da atmosfera, serão muito importantes durante o decorrer deste jogo. Teremos que decidir qual o caminho que iremos escolher para entregar a encomenda o mais rápido possível, tendo em conta que o tempo pode estar péssimo em certas zonas, sem contar com surpresas pelo caminho. É extremamente importante ter em conta o que está ao nosso redor, e como vamos aproveitar as condições propostas na entrega com as condições que temos pela frente. É possível construir certas estruturas para facilitar a navegação pelos diversos sítios, e todos os jogadores terão acesso às estruturas de outros jogadores durante o decorrer da história, mas não fiquem demasiado dependentes, pois as mesmas irão ficando danificadas com o passar do tempo, ao ponto de serem inutilizáveis. E não é só a estruturas que temos acesso, também a alguns veículos que foram mostrados em trailers anteriores.
A jogabilidade é diferente da maioria dos jogos que encontramos no mercado neste momento, muito reminiscente de MGSV:TPP mas assim diferente. A jogabilidade também não vai agradar a toda gente, muito reminiscente de MGSV:TPP, sendo que apesar de não ser propriamente difícil, não é a mais directa e rapidamente memorável. Mas com paciência, rapidamente se consegue lidar com tudo o que é necessário saber. Além da jogabilidade normal, também teremos que aprender a lidar com o peso durante a nossa viagem. Podemos ter uma entrega muito pesada para levar para qualquer lado e não queremos comprometê-la, muito menos durante um combate. Como tal, podemos ajustar o que levamos às costas da melhor forma possível, porque ao contrário de MGS, todos os itens que podemos usar, têm peso e ocupam espaço. Já não existe um Metal Gear Mk.II para levar todos os nossos itens por nós, por isso temos que carregar tudo às costas. Para além de BB, que tem também a sua jogabilidade e importância associada. E lembrando também a componente multiplayer do jogo, que lembra um pouco Dark Souls e a sua forma de partilhar conteúdo entre jogadores.
E tal como foi escrito anteriormente, temos veículos para usar. Mas a jogabilidade dos mesmos podia ser melhor. Na verdade, maioria do terreno presente em Death Stranding é bastante acidentado, ao ponto de existir rotas que feitas a pé se tornam mais rápidas do que com veículos. Mas isto também faz parte da responsabilidade saber escolher o nosso destino a curto prazo da melhor forma possível a que possamos completar a nossa missão. A jogabilidade tem algo diferente para oferecer, e se realmente aproveitarmos, temos “muito por onde pegar”. E caso seja muita coisa, sempre temos uma secção de dicas, com todas as informações que necessitamos, como tínhamos, certa forma, com o Codec em Metal Gear. Por falar em Codec, esse está cá, mas diferente dos jogos anteriores, muito reminiscente de MGSV:TPP, pois desta vez não temos um papel activo, mas passivo no que conta a informações sobre o que nos rodeia. Ainda assim, é sempre bom ver um “velho amigo” ao activo. Sem estragar muito as surpresas, quem jogou MGSV:TPP vai sentir-se em casa de parentes próximos; quem nunca jogou qualquer título da saga Metal Gear, irá ter um novo tipo de jogabilidade para descobrir. Em termos de combate, está muito semelhante a MGSV:TPP, ainda que em alturas de mais stress, consiga resistente aos controlos. Dado que no último jogo usávamos um veterano de guerra, ainda que não fosse o certo, desta vez temos alguém que não costuma usar armas, por isso penso que seja uma decisão deliberada. Nada de mais, mas em situações com vários oponentes, pode ser complicada de lidar.
A longevidade é muito relativa neste caso, porque sendo um jogo de Hideo Kojima, a mesma está muito associada à história do jogo. A história tem temas bastante interessantes, que não vou expor muito nesta análise. Tal como outros títulos de Hideo Kojima, existe uma tema central na história de Death Stranding. Existe uma mensagem dedicada ao tema, que rodeia todas as personagens e acontecimentos no mundo que exploramos. Nem tudo o que parece é, nesta história, tal como já estamos à espera num título da Kojima Productions, e existe alguns momentos que podemos prever alguns acontecimentos, mas que ainda assim nos surpreendem na forma como acontecem. E ao contrário de MGSV:TPP, a história não ficou para terceiro plano, apesar dos actores que foram escolhidos para representar as personagens serem conhecidos e a possibilidade de apenas serem uma “cara bonita” para os posters. Nem todos os actores sentem-se à vontade, mas ainda assim temos momentos que podemos ver que existe emoção em certas cutscenes.
Mas se os temas são interessantes, a história e a forma como ela se desenrola podia ter sido lidada de melhor forma. Kojima tem ideias e conceitos excelentes, mas nem sempre passa as ideias da melhor forma, principalmente se o jogo não for localizado da melhor forma, existirão sempre diferenças na forma como é transmitida a ideia e como deveria ser transmitida a ideia. A história deixa algumas pontas soltas, mas já era de esperar, pois Kojima sempre que faz um título à sua maneira, deixa sempre perguntas sem resposta, de forma a sermos nós a responder às mesmas, ou pelo menos tentar. A história não é má, de todo, mas acho estava à espera de outro tipo de estrutura de história, e da forma como todas as personagens se relacionam com a mesma. Temos também acesso a documentos que tentam explicar a história toda envolvente neste título, mas tal como aconteceu antes, nem todos se vão preocupar em ler tudo de fio a pavio.
A banda sonora é composta por várias bandas e artistas, mas foi dado um enorme destaque a Low Roar, uma banda proveniente da Islândia, que tem um som muito parecido a Radiohead, na minha opinião, mas ainda assim original. Ao longo da nossa viagem, vamos tendo vários temas da banda como fundo sonoro, principalmente em locais mais calmos de ultrapassar, sendo que não existe um rádio ou algo do género que possamos levar durante a travessia. Também foi dada muita ênfase, como já é costume, ao sound design do jogo. Conseguimos ouvir os nossos passos em vários tipos de terreno, passando pela chuva a cair no nosso fato e pela vida, ou falta dela nas proximidades. Gostava de poder escrever mais detalhes sobre o sound design, ou até mesmo sobre o resto do jogo, mas se o fizesse, estragava toda a surpresa do jogo. Quem sabe se daqui a uns tempos não sai um artigo mais composto? Possível.
Death Stranding será um título bipolar, no sentido que irá agradar e desagradar, de igual forma, a comunidade de jogadores. Nem todos irão apreciar este tipo de jogabilidade, associada à história e ao seu criador. Nota-se também que a estrutura do jogo está parecida com Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, o que nos deixa a pensar se não era este o jogo que Kojima queria realmente fazer na altura, com a variedade de terrenos e meteorologia aqui presentes. Mas ao contrário de MGSV:TPP, sempre existe uma maior variedade de áreas distintas, algumas até com referências a outros títulos famosos. Apesar deste não ser o melhor título que Kojima produziu até hoje, Death Stranding tem tudo para ser uma série de sucesso, com um potencial tremendo, principalmente pelo facto de ser uma nova série para a companhia e poderem seguir o caminho que pretenderem com a história e rumo do jogo, e ainda assim ter o apoio das editoras.
█ F.S.
DEATH STRANDING estará disponível para a PlayStation®4, no dia 8 de Novembro, e para PC em 2020. Para mais informações, visita o website oficial.
Death Stranding
Jogabilidade - 85%
Gráficos - 97%
Som/Banda Sonora - 93%
Longevidade - 86%
90%
Excelente
Death Stranding será um título bipolar, no sentido que irá agradar e desagradar, de igual forma, a comunidade de jogadores. Nem todos irão apreciar este tipo de jogabilidade, associada à história e ao seu criador. Apesar deste não ser o melhor título que Kojima produziu até hoje, tem um potencial tremendo principalmente pelo facto de ser uma nova cara para a companhia e poder fazer bem o que lhe apetecer e ter o apoio das produtoras. Death Stranding tem tudo para ser uma série de sucesso.
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