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Análise – Diablo IV para PlayStation 5

A filha do ódio regressou a Sanctuary!

Diablo IV chegou às consolas da PlayStation, Xbox e aos PCs carregado de gore e negritude, na clássica abordagem RPG de acção da qual a saga se destaca.

Premissa

A história de Diablo IV é uma sequela directa dos acontecimentos de Diablo III: Reaper of Souls. Aqui, um grupo de cultistas invocaram a antagonista principal do jogo, Lilith, a filha do Prime Evil Mephisto. Com uma agenda demoníaca, Lilith parte numa campanha contra ambos os reinos do Inferno e dos Céus, para se poder tornar na governante mãe do mundo de Sanctuary. Após iniciarmos a nossa aventura com uma das 5 classes à nossa disposição (Barbarian; Druid; Necromancer; Rogue; Sorcerer), a nossa personagem fica ligada às visões de Lilith, fruto de um ritual de sangue. É tempo de erguer armas, escudos e magia mais uma vez… pois a filha do ódio regressou a Sanctuary!

Jogabilidade

A jogabilidade de Diablo IV segue a fórmula clássica de dungeon crawler com perspectiva isométrica, mas desta vez, e pela primeira vez na série, em mundo aberto. O combate é pura acção hack and slash com um sistema progressivo de nível 1 a 100. Cada personagem tem uma skill tree na qual podemos gastar os pontos de experiência que ganhamos ao subir de nível. São várias as combinações e caminhos que podemos escolher de maneira a construir a build da nossa personagem, seja por uma abordagem mais ofensiva de dano directo, combate à distância ou dano a múltiplos inimigos. É através destas builds que podemos personalizar a nossa abordagem ao jogo, tanto pelas skills activas, que são adicionadas num máximo de 6 à barra de botões de atalho, como pelas passivas, que aumentam o poder e/ou stats da personagem e ainda de outras skills. Não há duas builds iguais em Diablo IV, mesmo quando jogamos com a mesma classe. A partir de nível 50 desbloqueamos uma outra tree chamada Paragon, onde gastamos paragon points para aumentar os atributos base da nossa personagem, ou melhorar as nossas habilidades previamente adquiridas. Ao todo, podemos conseguir até 225 paragon points, que podem ser adquiridos de 3 maneiras: através de leveling de nível 50 a 100; pelo sistema renown, que se reflecte na nossa reputação dentro das várias zonas de Sanctuary; e por último, nas estátuas de Lilith espalhadas pelos recantos do mapa. Os pontos são depois gastos nas slots da Paragon tree, que se vão ramificando ao longo de grelhas, estruturadas por sua vez com slots Normal, Rare, Magic e Legendary. Todas estas mecânicas e sistema de evolução de personagem podem parecer um pouco avassaladoras para os novatos da saga, mas na realidade vai-se tornando bastante intuitivo, e com a prática vem a experiência. Para os jogadores mais experientes e competitivos de Diablo IV, muitas vão ser as horas investidas de maneira a decifrarem a build “perfeita” para retirarem o máximo de proveito das vossas personagens.

Narrativa

A história de Diablo IV é bem escrita e narrada. Os momentos chave são-nos apresentados em forma de cutscenes in-game com transições fantásticas que não quebram o pacing do jogo, e os diálogos são cativantes com um voice acting muito bem executado, sempre com aquela tonalidade pesada carregada de melancolia característica do jogo. As cinemáticas estão dentro dos altos padrões a que a Blizzard já nos habituou, proporcionando uma experiência audio-visual completamente cinematográfica. Para os amantes de lore, são muitos os textos para se deliciarem, seja com NPCs, quest givers, livros e documentos que vão surgindo ao longo da campanha. Para os recém chegados a Sanctuary, é aconselhável uma revisão da história que ficou para trás nos jogos anteriores; afinal, trata-se de uma sequela de uma franquia com mais de 25 anos.

Sonoplastia e Banda sonora

A trilha sonora de Diablo sempre foi uma das mais marcantes e bem conseguidas dos jogos da Blizard (quem não sente aquela dose de nostalgia com a guitarra dedilhada do tema de Tristam?). Cada som em Diablo IV, seja a voz das personagens, o som de armas a bater, o disparo de um feitiço, ou os grunhidos guturais dos demónios do Inferno, foram cuidadosamente tratados e aplicados. São grotescos, medonhos e demoníacos, como assim o devem ser. A trilha sonora é hipnótica do princípio ao fim, com passagens ambientais quando vagueamos por calabouços e caves em dungeons, trilhas épicas em batalhas e faixas mais tétricas, sempre com aquela estética gótica a que a saga nos habituou.

Gráficos e visual

Diablo IV é um jogo rico e extremamente imersivo. As personagens e todo o gear que vamos apanhando para poder “vestir” são bem detalhados e oferecem uma vasta variedade que nunca se faz sentir monótona. Sanctuary é um mundo “vivo” cheio de morte, composto por cenários como zonas gélidas no meio de natureza morta, vilas pestilentas e decadentes, e calabouços macabros e infernais. Toda a ambiência é escura e negra, distanciando-se dos gráficos mais contrastados e vivos de Diablo III. Nesta nova entrada da saga, é notório o regresso às origens mais sombrias de Diablo I e II, que irá fazer os jogadores da velha guarda sentirem-se em casa, e dar uma dose saudável de “repugnância convidativa” aos curiosos mórbidos que se vêm aventurar em Sanctuary pela primeira vez.

Criação de personagem e Gear

Todas as classes podem ser jogadas com personagens femininas ou masculinas. A costumização do nosso avatar é extensa, com vários looks de cabelo, caras, acessórios, tatuagens e marcas tribais, o que não poderia deixar de ser, já que gear sempre foi um dos “ganchos”, não só do Diablo, mas dos RPGs Dungeons Crawlers. Ao explorar masmorras e defrontar os mais temíveis inimigos podemos obter o tão esperado Loot. Em termos de gear, o que não falta é diversidade em Diablo IV, desde os itens mais básicos nos níveis iniciais, aos raros e lendários de níveis mais avançados. O jogo possui um sistema de transmog que nos permite mudar o visual da nossa personagem para algo mais ao nosso gosto. Estes itens transmog podem ser adquiridos in-game através de loot, e sim, existem algumas micro-transações, se bem que estas são apenas cosméticas. Cada peça de gear pode ser alterada na cor e são inúmeras as combinações de sets que podemos fazer.

Conteúdo Endgame

Após completarmos a campanha que demora entre 30 a 35 horas de jogo, Diablo IV oferece-nos o seu mundo aberto para explorar e conquistar os desafios mais exigentes que o jogo tem para oferecer. Temos 4 tiers de dificuldade para jogar, havendo apenas duas disponíveis no início do jogo. Tier 1 é o modo mais fácil, indicado para novatos e/ou para quem quiser uma experiência mais focada na história, sem grandes dificuldades nas ondas de inimigos e lutas de bosses. Tier 2 é um pouco mais difícil, mas em contrapartida oferece alguns bónus, como maior percentagem de XP e Gold. Após completarmos os 6 actos da campanha e o epílogo, teremos acesso à primeira Capstone Dungeon com requerimento de nível 50, e é nesta tier de jogo que o verdadeiro grind começa em Diablo IV. Inimigos e bosses mais difíceis irão testar a destreza e determinação dos jogadores, mas as recompensas de loot mais poderoso são extremamente gratificandes, proporcionando uma sensação de realização. A nível 75, os mais destemidos poderão testar as suas personagens na Capstone Dungeon que dá acesso à Tier 4. Chegar ao 4º nível de dificuldade do jogo já é um feito por si só, mas para os jogadores mais “hardcore” é aqui que o verdadeiro desafio começa. O grind até nível 100 é moroso e penoso, mas o mais recompensador que dá acesso aos itens e gear mais poderosos do jogo, e às batalhas mais épicas em Sanctuary.
Para os mais competitivos, Diablo IV apresenta as zonas de PvP Kehjistan e The Dry Steppes. Estas zonas chamadas de Fields of Hatered, permitem que os jogadores ataquem não apenas os monstros, mas também outros jogadores, se assim desejarem, mas cuidado ao entrarem nestas áreas, principalmente se matarem a personagem de um jogador rival, pois ficam marcados como Hatred’s Chosen. Esta marca irá revelar a localização do jogador marcado a todos os outros oponentes na área, mas caso consigam sobreviver, as recompensas serão bem merecidas.
Para além do grind até nível 100, as zonas de PvP, as dungeons cada vez mais desafiante e a busca pelo melhor loot no jogo, Diablo IV oferece ainda world bosses, dezenas de side quests que complementam a história, as estátuas de Lilith (monumentos da filha do ódio espalhados por todo Sanctuary que dão upgrades permanentes a todas as nossas personagens), as Tree of Whispers (quests aleatórias com time limit que aparecem por todo o mapa do jogo), e claro, há sempre a opção de criar uma personagem nova e recomeçar do zero. Por último, temos um hardcore mode com instant kill sem retorno… sim, morremos uma vez e acabou.

Conclusão

Diablo IV é um dos jogos mais bem polidos da Blizzard e que continua a destacar a franquia no género de ARPG. A história e toda a ambiência é negra e tétrica, deixando para trás o contraste mais cartoonesco de Diablo III. É um jogo desenhado tanto para jogadores casuais, que apenas querem experienciar a campanha a solo e/ou vencer alguns desafios com amigos, como para os jogadores da velha guarda que procuram testar a sua destreza e depositar facilmente centenas de horas de jogo. Diablo IV tem crossplay e está bastante bem optimizado para a versão consola na PlayStation 5 (se bem que, em nota pessoal, a experiência neste género de jogos é superior em PC). Contudo, há espaço para melhorar. Embora todas as classes apresentem um bom nível de progresso e aprendizagem ao longo da sua evolução, claramente precisam de ser balanceadas. Os servidores deram alguns crashes no lançamento, algo que continua a ser corrigido, e por vezes ainda se notam algumas falhas em certas animações, principalmente quando há demasiada informação a acontecer no ecrã, sendo raras, mas notáveis, as ocasiões em que isto acontece. A primeira season está agendada para o mês de Julho e a Blizzard já adiantou que vão trazer pelo menos duas expansões para Diablo IV. Este é apenas o início daquilo que tem todo o potencial para vir a ser um marco nos jogos de RPG Dungeon Crawler. Diablo…está de volta!

A filha do ódio regressou a Sanctuary! Diablo IV chegou às consolas da PlayStation, Xbox e aos PCs carregado de gore e negritude, na clássica abordagem RPG de acção da qual a saga se destaca. Premissa A história de Diablo IV é uma sequela directa dos acontecimentos de Diablo III:…

Diablo IV (PS5)

História - 90%
Jogabilidade - 84%
Gráficos - 88%
Som / Banda Sonora - 95%
Longevidade - 85%

88%

Muito Bom

O maior ícone dos ARPGs está de volta cheio de gore, negritude e acção. Diablo IV traz-nos uma campanha imersiva carregada de lore e momentos épicos numa perseguição à antagonista Lilith, a filha do ódio, que regressou para governar o mundo de Sanctuary. Para os jogadores mais hardcores com espírito competitivo, o que não falta são conteúdos extra cheios de desafios que prometem centenas de horas de jogo numa viagem que os vai fazer descer aos infernos.

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