O Batman morreu… E Jim Gordon também… Os quatro pupilos de Batman tomam agora conta de Gotham City, e são os novos vigilantes que prometem proteger a cidade de todo o mal. Gotham Knights é um RPG de ação/aventura, um spin-off dos jogos Batman da Warner Bros Games Montreal e da QLOC, lançado para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X/S.
História
A história começa com a morte de Batman numa explosão que destrói também a Batcave. A morte de Batman e de Jim Gordon levou a um aumento exponencial de criminalidade e violência por toda a cidade de Gotham. Os quatro aliados de Batman, que são Batgirl, Nightwing, Red Hood e Robin, assumem agora a responsabilidade de proteger a cidade e serem os seus novos vigilantes. Conta com o aparecimento de grandes vilões muito adorados deste universo da DC, como Penguin, Mr. Freeze e até a Corte das Corujas.
A narrativa em si acaba por dar sinais de está ligada aos filmes de Suicide Squad e até alguns dos multiversos de Batman na BD. Apesar de dar também a sensação de estar ligado à série de jogos Batman Arkham, já foi confirmado que a história não está ligada e que este é um spin-off.
A forma como a narrativa está enquadrada parece muito sólida, e é construída de forma faseada ao longo da aventura, mas por vezes parece esse faseamento da construção da história é um pouco lento, e leva a cortes no nosso raciocínio de seguir a história, principalmente se formos fazendo outras atividades menos urgentes pelo caminho. Cada um dos protagonistas tem um ponto de vista da história, que no fim liga ao mesmo caminho. Para esta gameplay escolhi a linha narrativa de Robin.
Gameplay
Depois da grande cutscene inicial, temos de escolher o personagem cuja história iremos acompanhar durante a nossa aventura entre os quatro protagonistas. Cada personagem tem uma forma completamente distinta de ser jogado e a sua story line também varia. BatGirl é aquela que tem a gameplay mais semelhante ao que estamos habituados dos jogos Batman, onde recorre muito às artes marciais. Já Nightwing combate com os seus bastões duplos, enquanto Red Hood utiliza armas tecnológicas. Por fim, tal como referi, Robin foi o meu eleito para poder fazer esta análise, isto porque a jogabilidade mais focada em stealth foi um forte atrativo para o meu estilo de jogo.
Stealth
Com Robin, muitas das nossas missões têm nos objetivos principais ou secundários ser discreto, onde podemos passar pelos guardas, eliminá-los silenciosamente ou iniciar uma emboscada. A jogabilidade em stealth está bastante bem trabalhada, e por isso é muito agradável optar por este estilo de jogo. A AI dos inimigos é relativamente bem constituída para o stealth. Nas dificuldades mais fáceis, os inimigos ficam propositadamente mais “limitados” nesse aspeto, mas conforme a dificuldade for subindo, mais astutos são. Por cima da cabeça do nosso inimigo podemos ver uma barra de deteção. Se estiver vazia, significa que não viram nem desconfiam de nada, ao começar a subir a cor cinza na barrinha, significa que estão a começar a ver algo suspeito, amarelo é sinal de estarem desconfiados e vermelho que fomos detetados. Quando os nossos adversários ficam desconfiados, eles vão investigar melhor a zona onde viram algo suspeito e procuram por nós.
E de que era feita uma gameplay stealth sem câmaras? As câmaras de vigilância são também elas um ponto que temos de evitar para não sermos detetados. Confesso que gostaria de ver uma melhor abordagem feita a estas câmaras. É passada a sensação de que o raio de visão e de rotação das mesmas é muito limitado, o que acaba por fazer com que seja fácil passar por elas sem se ser visto.
Algo que podemos fazer também, muito à estilo Splinter Cell ou Metal Gear Solid V, é interrogar os nossos inimigos. Algumas destas interrogações podem ser feitas precisamente em stealth, bastando aproximarmo-nos sorrateiramente do inimigo e agarrá-lo para o questionar, mas outras, com alguns tipos de inimigos mais fortes, precisamos de primeiro baixar a barra de vida do adversário, para depois sim podermos agarrá-lo e interrogá-lo.
Corpo a corpo e à distância
Falei de baixar a barra de vida aos inimigos, mas como? No caso de Robin a luta é feita à base do bastão. Temos ataques normais e pesados, temos a esquiva, e temos ainda habilidades, que são ataques especiais. Um exemplo desses ataques é logo o primeiro que desbloqueamos, que nos permite rodar o bastão como se fossem as pás de uma ventoinha, e provocar assim um ataque pesado ao inimigo. Esta parte da jogabilidade está toda ela muito fluída, as acrobacias de Robin e as pancadarias são muito bem conseguidas. Os inimigos são bastante distintos e isso também afeta a forma como vamos utilizar as nossas habilidades corpo a corpo. Por exemplo, alguns inimigos utilizam escudo e precisamos de utilizar a esquiva e esquivas perfeitas para podermos aproveitar os momentos em que os escudos estão em baixo, outros conseguem esquivar todos os nossos ataques, por isso temos de utilizar ataques carregados à distância para podermos fazê-los cair antes de atacar corpo a corpo, até a própria opção de agarrar no inimigo tem formas específicas que podemos usar para atacar.
Algo que também gostei bastante foi do facto que se nos esquivarmos das balas de um inimigo e outro inimigos estiver atrás, as balas “perdidas” vão acertar e tirar vida a esse inimigo. É algo bastante útil este “friendly fire” entre inimigos, pois facilita nas nossas estratégias de combate.
No que toca ao combate à distância de Robin, podemos utilizar a Fisga, que podemos fazer pontaria e utilizar quase que como uma arma de fogo, e ainda utilizar o ataque à distância normal e carregado, onde Robin apenas atira as munições para onde estiver a olhar.
Missões e Exploração
Missões é o que não falta em Gotham Knights. Além das missões principais, podemos fazer missões secundárias, missões de vilões, explorar a cidade e concluir algumas outras atividades pelo mapa. A nossa base de operações é a torre de Belfry, onde os quatro heróis e Alfred se reúnem para analisar provas, discutir estratégias e planear as próximas missões. Sempre que saímos de Belfry começamos uma nova patrulha, e temos o nosso progresso dividido em noites. Em cada noite, podemos concluir todo o tipo de missões, impedir crimes em andamento, derrotar inimigos, encontrar colecionáveis ou até apenas explorar a cidade.
Esta exploração pode perfeitamente ser a pé, mas não seria divertido sem as opções que o jogo nos proporciona para esse efeito. Claro que ir a pé tem o parkour em todo o seu esplendor para nos dar uma gameplay mais agradável, mas de facto levamos muito mais tempo a chegar aos locais.
O Grappling Hook é uma dessas formas. Apontamos para a zona onde queremos ir e disparamos o nosso gancho para sermos puxados para lá. Podemos ainda alternar o gancho com saltos, mecânica que nos dá uma sensação muito familiar ao compararmos com Marvel’s Spider-Man. Outra forma de vermos as vistas da cidade é com a nossa Batcycle. A veloz mota anda a toda a velocidade e pode até ir “a fazer cavalinho” a maior parte do percurso. Para nos ajudar, temos sempre marcadores no chão a indicar o caminho para o nosso próximo objetivo.
Sempre que derrotamos inimigos existe uma grande probabilidade de os criminosos largarem pistas. Estas são úteis para podermos prosseguir nas diversas investigações que temos em mãos. Não só isso, como alguns equipamentos e itens são largados por estes inimigos. Outro sítio onde podemos encontrar equipamentos, itens e materiais é nas lootboxes que estão espalhadas pelo mapa e nos podem ajudar a conseguir o que falta para podermos fabricar novas armas e fatos.
Tudo isto está dentro de uma cidade que funciona em mundo aberto. Para podermos consultar toda a área de jogo, temos um mapa, que não só nos indica o nome das localizações, edifícios mais importas e ruas, como também os locais das próximas missões e pontos importantes, onde podemos colocar waypoints. Para nos deslocarmos mais facilmente entre grandes distâncias, podemos utilizar o fast travel. Esta ferramenta precisa de ser desbloqueada através de uma missão e temos de fazer scan aos drones de cada um dos pontos de fast travel do mapa para os podermos debloquear e utilizar.
Análise de cenários, pistas e puzzles
Um elemento muito utilizado durante as missões é a análise de cenários. Com o AR Scan podemos encontrar pontos relevantes no espaço onde nos encontramos para poder prosseguir missões. Além disso, temos ainda as análises de pistas. Podemos analisar uma série de pistas espalhadas numa mesa e tentar conectar as pistas mais coerentes para formar uma resposta e solucionar determinada questão.
Os puzzles são também eles uma presença forte neste jogo, com diversos tipos de puzzle diferentes que temos de concluir para prosseguir nas missões. Desde criar sombras na parede, até fazer sudoku de símbolos e pressionar botões pela ordem correta, são diversas opções.
Elementos RPG
Claro que um RPG precisa de ter elementos de RPG. Vamos começar por falar do sistema de níveis. O nosso personagem vai subindo de nível conforme for ganhando XP ao concluir missões e atividades pela cidade. Estas subidas de nível vão permitir que desbloqueemos mais habilidades na árvore de habilidades, melhores equipamentos e ainda a possibilidade de conseguir concluir com maior facilidade determinadas missões. Isto porque os nossos inimigos também são nivelados, e o nível deles vai ser comparado com o nosso quando for altura de medir forças. Portanto, se estivermos por exemplo a nível 10 e o nosso inimigo estiver a nível 16, vamos levar uma valente coça. Mas se for o inverso irá parecer que estamos a esborrachar um mosquito de tão fácil que se torna. Para nos ajudar com a nossa jornada, podemos recorrer ao fabrico de novas armas e equipamento, mais ajustados ao nosso nível. Estes irão afetar os nossos níveis de força, defesa, furtividade e resistência a alguns tipos de ataques e elementos. Todos estes equipamentos podem ser personalizados a nível estético, personalização essa que pode também ser feita à nossa Batcycle.
Uma dimensão assombrosa
A cidade de Gotham tem uma dimensão absolutamente gigantesca. Todos os cantos e recantos são exploráveis e estão pensados ao detalhe. O próprio jogo em si tem uma longevidade que parece quase infinita. Com dezenas de horas de conteúdo dividido entre todos os personagens e ainda um modo multiplayer co-op que pode prolongar ainda mais esta longevidade.
Gráficos
Uma coisa em relação ao grafismo deste jogo é certa, os reflexos estão lindos e muito definidos. A própria cidade em si está extremamente bem retratada, o que é incrível tendo em conta a dimensão do mapa. Mas senti que os gráficos estavam um pouco presos à geração passada, que podiam estar melhores e mais de acordo com a geração atual. Claro que este é um jogo que foi feito com a intenção de ser cross-gen, mesmo tendo apenas ainda lançado para a geração atual, mas mesmo assim poderia estar melhor, tendo em conta que outros jogos já provaram que isso é, de facto, possível.
Som e banda sonora
A sonoplastia de Gotham Knights está muito bem conseguida. Consegue dar mais imersão e também ajudar a relatar os acontecimentos que estão no ecrã. Mas infelizmente a banda sonora não me conseguiu tocar. É super esquecível e não causa impacto. Num jogo de super-heróis a banda sonora acaba por ser importante, e senti que durante a maioria do jogo era descartável e genérica.
Nota de análise
Com toda dimensão de Gotham Knights, ainda não foi possível terminar todo o jogo, visto que cada personagem tem o seu próprio arco de história principal e set de missões secundárias, cada um com uma duração bastante extensa. Iremos possivelmente lançar um complemento para esta review para analisar mais a fundo a história e jogabilidade dos restantes protagonistas. Não foi também possível ainda testar o multiplayer, essa funcionalidade será também analisada posteriormente.
Veredicto
Gotham Knights é um grande jogo de super-heróis. Conseguiu cumprir bem o seu papel não só no campo do mundo aberto, como também consegue ser bastante bom nos seus elementos de RPG e de ação. A narrativa dá força à gameplay, mas o jogo poderia estar num patamar completamente diferente se os seus pequenos defeitos nunca tivessem visto a luz do dia.
Gotham Knights está disponível para PC via Steam e Epic Games Store, para PlayStation 5 e Xbox Series X/S. Para mais informações, visita o website oficial.
Gotham Knights (PC)
História - 91%
Jogabilidade - 93%
Gráficos - 83%
Som/Banda Sonora - 71%
Longevidade - 85%
85%
Muito Bom
Gotham Knights é um grande jogo de super-heróis. Conseguiu cumprir bem o seu papel não só no campo do mundo aberto, como também consegue ser bastante bom nos seus elementos de RPG e de ação. A narrativa dá força à gameplay, mas o jogo poderia estar num patamar completamente diferente se os seus pequenos defeitos nunca tivessem visto a luz do dia.
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