As aventuras de Aloy chegam ao mundo da Lego, com uma história relativamente nova baseada na Horizon Zero Dawn, ou seja, quase que uma reimaginação e simplificação deste universo. A adaptação para LEGO Horizon Adventures foi feita muito à semelhança do que fizeram com Lego Star Wars The Skywalker Saga, porque tal como neste exemplo, mantém a base da história original, pontos chave e momentos importantes, mas altera a forma como são contados, a presença de algumas personagens e a história individual de cada uma. E sim, isto faz com que a história seja automaticamente contada de forma menos detalhada, leviana, e diria até um pouco mais voltada para o público infantil.
Depois de ter jogador a primeira hora antecipadamente na sessão nos escritórios da PlayStation Portugal, fiquei com expectativas muito altas, principalmente por ter visto um potencial no jogo enorme e ter ficado a imaginar o que mais poderia vir. Provavelmente este foi o meu erro, pois ao criar expectativas altas, estas podem facilmente ser destruídas, e foi exatamente o que aconteceu.
A jogabilidade de LEGO Horizon Adventures está muito dentro do esperado para um jogo Lego, mas um pouco mais reduzido e limitado. Voltámos à visão top down, clássica dos jogos Lego (depois de termos tido visão na terceira pessoa em alguns títulos), o que de facto facilita o co-op, mas o modo single player fica um pouco menos interessante. Os cenários, personagens e elementos do jogo foram transformados em LEGO, adotando todo o estilo característico destas peças de montagem.
A exploração é extremamente limitada, onde os níveis são super lineares e parecem quase uma linha reta, onde temos de ir de ponto A até ponto B, poucos desvios para zonas “secretas” onde podemos montar construções ou abrir baús, e pouco mais do que isso é possível. Ao contrário da maioria dos jogos LEGO, não podemos destruir quase nenhum dos elementos do cenário. Poucos são aqueles com que podemos interagir dessa forma, e a experiência de jogo torna-se muito mais limitada. Podemos explorar o jogo a solo ou em co-op.
Em termos de combate temos alguns inimigos humanos, e versões lego das máquinas. Podemos utilizar o foco para ver os pontos fracos dos inimigos e atingi-los nessas partes para os podermos danificar e remover, o que causa mais dano aos inimigos. Tal como no jogo original temos vários arcos diferentes (fogo, gelo, eletricidade, etc.) que podemos utilizar, mas neste caso temos de os encontrar no mapa. Estes arcos têm um número limite de utilizações e são descartados no fim. Ao contrário do jogo, só podemos ter um arco especial de cada vez além do arco normal. Além disso temos powerups, como o carrinho de cachorros que larga bombas, que é completamente fora do universo de Horizon, e powerups como o armadilhador, que já são clássicos conhecidos do jogo original.
Muitas vezes estes combates são absolutamente caóticos, com vários inimigos de diversos tipos diferentes a surgirem ao mesmo tempo, com vários elementos do cenário que podemos utilizar a favor de nós (como uma espécie de turrets que podemos ativar, os barris explosivos ou as armadilhas de picos), mas também alguns que nos podem prejudicar, como o caso dos lagos gelados. Além destes combates normais, temos ainda boss fights, onde temos de derrotar máquinas gigantes com mecânicas especiais de combate para cada um.
Algo que acreditei que iria haver, mas não aconteceu propriamente foi o stealth. No Horizon Zero Dawn podemos estar escondidos e atacar os inimigos de forma furtiva sem sermos detetados. No caso de LEGO Horizon Adventures, assim que damos o primeiro ataque, o esconderijo deixa de fazer efeito, o que estraga toda a estratégia de atacar furtivamente. O combate acaba por ser bastante genérico, apesar de podermos alternar entre as várias personagens jogáveis e cada uma ter as suas armas próprias, continua a ser muito na base do apontar e disparar.
O level design na verdade desiludiu bastante. Temos zonas específicas e temáticas, como floresta e montanha, cada uma com um conjunto específico de níveis onde no fim desbloqueamos a peça de ouro. No fundo, cada um destes conjuntos de níveis numa zona parecem todos um único nível. São muito repetitivos, com elementos muito semelhantes, e parece que estamos sempre a passar nos mesmos sítios, com a mesma fórmula, o mesmo caminho e os mesmos objetivos e momentos de gameplay. Este é sem dúvida o ponto mais negativo do jogo, parecer tudo igual, repetitivo e pouco refrescante entre cada nível ou região. Temos algumas coisas que são acrescentadas entre cada região, como paredes de gelo quebráveis que escondem baús na montanha, ou cortinas de lianas incendiáveis que escondem também baús, mas não acrescentam muito à gameplay, e honestamente não creio que refresquem ou tragam um sentimento de surpresa.
Já a nível de gráficos o jogo até está bastante bem feito, reflexos bonitos, modelos bem feitos, mas na verdade há qualquer coisa nas cores que não me cativam muito, parecem desbotadas, azuladas e sem vida em muitas secções. Mas por outro lado as animações estão bastante bonitas, mais semelhantes às dos filmes LEGO, ficando ainda mais fluídas no modo performance do jogo.
No fundo, LEGO Horizon Adventures não passa de um downgrade tanto aos jogos LEGO como Horizon. Simplificou e infantilizou a franquia Horizon e a sua história, que estaria tudo bem em fazê-lo, não fossem a gameplay e level design inferiores aos habituais jogos lego. Falta muita coisa para que este jogo seja efetivamente um bom jogo, que se destaque e que de facto agrade tanto fãs de jogos LEGO como fãs da franquia Horizon. Arrisco em dizer que sim, pode ser um bom jogo para os mais novos, e de facto até pode trazer alguma diversão aos mais graúdos, mas não é de todo um jogo que se destaque pela positiva apesar de bem construído e estruturado.
LEGO Horizon Adventures
História - 67%
Jogabilidade - 65%
Gráficos - 74%
Som/Banda Sonora - 75%
Longevidade - 71%
70%
Razoável
LEGO Horizon Adventures não passa de um downgrade tanto aos jogos LEGO como Horizon. Simplificou e infantilizou a franquia Horizon e a sua história, que estaria tudo bem em fazê-lo, não fossem a gameplay e level design inferiores aos habituais jogos lego. Falta muita coisa para que este jogo seja efetivamente um bom jogo, que se destaque e que de facto agrade tanto fãs de jogos LEGO como fãs da franquia Horizon. Arrisco em dizer que sim, pode ser um bom jogo para os mais novos, e de facto até pode trazer alguma diversão aos mais graúdos, mas não é de todo um jogo que se destaque pela positiva apesar de bem construído e estruturado.
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