Lusófona Games Collection 2024 é uma coletânea composta pelos jogos criados pelos alunos da licenciatura em Videojogos da Universidade Lusófona. Com 5 títulos, o talento destes futuros game devs é colocado em montra de forma gratuita para os utilizadores da Steam.
Não vamos fazer uma review, pelo menos não da forma tradicional. Vamos explorar cada um dos jogos desta coletânea, falar sobre o conceito de cada um e dar a nossa opinião, fazendo em simultâneo algumas notas e apontamentos sobre os mesmos.
Inside Poetry
Em Inside Poetry somos um alienígena que se despenhou numa biblioteca mágica e temos de conseguir fugir. O nosso único caminho é para cima, e só contamos com a nossa pistola de teletransporte para nos deslocarmos. As mecânicas do jogo são de point and click, onde o point tem o twist de não podermos escolher diretamente para onde queremos ser teletransportados. Isto porque a arma vai apontar sozinha para uma determinada altura, onde vamos ter de clicar no timing que achamos que nos vai permitir acertar no alvo.
É um conceito de facto diferente, podemos dizer até criativo, mas o jogo consegue tornar-se frustrante em vários pontos. A falta de indicações e ajudas a perceber bem como funcionam os ângulos também é um ponto que desfavorece esta abordagem. Os visuais em pixel art foram uma boa escolha que assenta bem no jogo, mas a repetição constante dos assets leva a uma sensação de “eu já passei por aqui”.
Magical Intern
Somos um aprendiz de feiticeiro que que deixou cair a chave do escritório no caldeirão e por isso ficámos presos. O mestre feiticeiro falou de uma chave de emergência, mas não nos lembramos ao certo de onde está, por isso temos de resolver uma série de puzzles e seguir diversas pistas para descobrir onde está a chave e como escapar. Mais um conceito bastante interessante, este já conta com gameplay em 3D com visão na primeira pessoa, onde temos de clicar nos pontos certos para progredir, sejam pistas, itens secretos ou então para resolver os puzzles. A única questão que torna o jogo mais cansativo é o facto das instruções serem muito vagas, o que faz com que no início seja um pouco confuso o que temos de fazer. Depois de percebermos a lógica o jogo flui tranquilamente, por isso acredito que adicionarem uma espécie de tutorial para entendermos a lógica de gameplay iria ser bastante benéfico.
Human Ltd.
O Human LTD é um jogo de Escape Room na primeira pessoa, onde encarnamos um detetive contratado. Temos de investigar os mistérios da empresa abandonada “Human Ltd.”, que caiu na banca rota mesmo com toda a sua fortuna e reconhecimento. Enquanto detetive, o protagonista é contratado por um ex-funcionário da empresa, que comunica connosco através de um walkie talkie durante a investigação, mas assim que chegamos ao edifício, o chão colapsa e ficamos presos num escritório secreto subterrâneo. Além de termos de descobrir o que se passou, temos também de descobrir como escapar.
Este foi de facto o título que mais me cativou. Puzzles desafiantes mas ao mesmo tempo intuitivos, com um level design bastante bem trabalhado e onde tudo parece que tudo flui de forma fácil e natural. Não tem puzzles difíceis demais, tudo está bem indicado e explicado, mas sem entregar demasiado ao ponto de tornar tudo fácil demais, e uma história que nos deixa curiosos. Temos ainda pequenas piadas, voice acting, e um bom trabalho em termos visuais e de ambientação. Está bem construído e o conceito bem implementado, não havendo nada de maior a apontar em relação ao jogo.
Podscape
Em Podscape somos um membro da tripulação do SS Celestial Voyager, uma nave espacial exploradora de planetas que acabou por sofrer uma avaria crítica, que levou à colisão com um meteorito. Na esperança de nos salvarmos, fugimos numa cápsula de fuga, e aterramos num planeta desconhecido próximo. Neste jogo de Sci-fi na primeira pessoa, temos de conseguir escapar em segurança da cápsula.
Esta foi uma demonstração curta e simples, com puzzles bastante fáceis de resolver, muito intuitivos, mas onde se sentiu falta de mais desafio e puzzles mais complexos. O ambiente está muito bem conseguido, os controlos estão bem feitos, mas de facto o jogo poderia ser mais desafiante e também um pouco mais extenso.
Shades of Insanity
Este é um jogo de terror psicológico com elementos de puzzle baseados na perspetiva do jogador. Aqui, temos de descobrir o passado do protagonista e descobrir o porquê de ter sido internado num hospital psiquiátrico.
E porquê puzzles baseados na perspetiva do jogador? Porque a condição psiquiátrica do protagonista faz com que ele distorça as proporções dos objetos consoante a sua perspetiva de visão, o que faz com que fiquem maiores ou menores consoante o ponto de vista e o contexto dos outros objetos. Esta mecânica e a utilização de espelhos para corrigir objetos, vão ser as principais mecânicas de gameplay, e a solução para a grande maioria dos puzzles.
O ambiente também está muito bem conseguido, o terror psicológico passa bem, tanto em termos da agonia passada pela escuridão e pelos efeitos de luz, como pelos efeitos sonoros que ficaram muito bem conseguidos e colocados. A ideia ficou muito bem realizada e os jumpscares também ficaram no ponto.
Fica aqui então a sugestão de jogarem estes títulos de forma gratuita na Steam, e também de acompanharem o trabalho destes jovens developers que fazem parte do futuro da produção de videojogos em Portugal. São projetos com imenso potencial, que demonstram o quanto devemos apoiar os game devs nacionais.
Podem transferir e jogar gratuitamente todos os jogos na Steam!
https://store.steampowered.com/app/3004070/Lusfona_Games_Collection_2024/
- Análise LEGO Horizon Adventures - Novembro 13, 2024
- Exophobia – Um tributo nacional às origens dos FPS - Novembro 5, 2024
- Análise Until Dawn Remake - Novembro 5, 2024
Deixe um comentário