Rise of the Ronin é o mais recente título da Team NINJA, e publicado pela Sony Interactive Entertainment, e parece ser altamente inspirado em Ghost of Tsushima. Isto não é apenas a minha suposição após jogar dezenas de horas, é também mencionado numa entrevista dada por Fumihiko Yasuda, o produtor de desenvolvimento da Team NINJA e director do jogo. A minha questão agora é: Quererá a PlayStation competir consigo própria? É claro que existe espaço para vários títulos que exploram a história do Japão.
As comparações, inspirações e/ou referências começam logo desde o início, e apesar de fazerem parte de épocas diferentes da história Nipónica (Ghost of Tsushima decorre no século XIII e Rise of the Ronin decorre no século XIX), é difícil não comprar ambos os jogos, principalmente porque seguem filosofias de jogo muito semelhantes. Mas vamos por partes. Tal como referido anteriormente, Rise of the Ronin decorre no século XIX, mais precisamente durante o período Bakumatsu. A história decorre durante vários anos, seguindo uma linha minimamente conectada ao que aconteceu realmente durante este período, mas, claro está, com algumas alterações, de forma a incorporar a nossa personagem no meio da história, ainda que esta não tenha realmente uma identidade definida no início da história. Começamos por criar e conhecer a nossa personagem: quem é, pelo que luta e qual o seu objectivo actual, sendo que várias altercações acontecem no decorrer desta história. Eventualmente, temos que sair e explorar o mundo que está à volta da nossa aldeia, porque o Xogunato simplesmente sabe que o clã da nossa personagem protagonista poderá ser uma ameaça para as forças que lideram o país, ainda que estas desconheçam realmente a visão do clã.
A história tem uma linha minimamente definida, para ir de acordo com o que aconteceu realmente no Japão durante aquela época, mas com o decorrer da trama teremos várias escolhas, em que num momento podemos estar a trabalhar de acordo com o Xogunato, sob a facção Sabaku, como podemos estar ajudar uma unidade revolucionária que tenta destruir a estrutura do Xogunato, sob a facção Tobaku, tornando a história uma pouco mais maleável do que inicialmente julgamos. Temos também as forças ocidentais, que costumam ser uma constante pedra na nossa sandália. Eventualmente, vamos vendo quem realmente nos auxilia na nossa aventura e quem acaba por se tornar numa força inimiga, sempre com vários percalços e reviravoltas pelo meio. A história é interessante, muito por culpa do próprio período, mas grande parte da mesma acaba por ser muito “mais do mesmo” e não impressiona nem tenta inovar naquilo que apresenta. Até mesmo pela cinematografia, o jogo fica-se muito pelo, lá está, “mais do mesmo”, infelizmente. Ainda assim, conseguem ter momentos únicos suficientes para nos prender ao ecrã, e isso é bom.
A jogabilidade é também uma mistura de referências: como é o caso da jogabilidade mais arcade do jogo, como já é bem conhecida como parte da Team NINJA e com fortes ligações a Nioh, segundo Fumihiko Yasuda. Tal como acontece no título “irmão velho”, e em muitos soulslike, é preciso ter muita atenção aos ataques e animações, que podemos estar a meio de um ataque e o inimigo simplesmente acabar com a nossa vida com um contra-ataque não bloqueável, e estar ciente que até o inimigo mais fraco do jogo consegue matar-nos sem grande esforço. É claro que o objectivo de Rise of the Ronin é agradar ao maior número de jogadores para o mundo PlayStation, por isso a jogabilidade é muito mais acessível que um soulslike “normal”, em que a sua dificuldade alta faz parte do apelo do jogo. Aqui, a coisa está relativamente mais calma, em comparação, mas ainda assim tem o seu nível de dificuldade, também já conhecida como parte da Team NINJA.
Rise of the Ronin inclui três modos de dificuldade: fácil (denominado de Dawn no jogo), normal (Dusk) e difícil (Twilight). O nível de dificuldade Dawn desbloqueia configurações adicionais, como a opção de aumentar a recuperação de Vida com Medicamentos e a redução de perda de Ki com os ataques recebidos. Temos várias árvores de habilidades, vários itens com os seus efeitos especiais e qualidades, e armas variadas. Ou seja, tudo o que esperamos num título deste género, em que existem vários elementos RPG sem ser realmente um RPG. Ao contrário de Nioh, não temos aqui demónios nem monstros fantásticos; grande maioria dos nossos inimigos são inspirados na realidade, fora um ou outro inimigo e/ou animal mais robusto e inspirado em lendas nipónicas, temos soldados Norte Americanos e Franceses, bem como membros do Xogunato, cada um com as suas habilidades diferentes e com muita vontade de nos fazer a folha, para além de algumas surpresas.
Fora do combate, temos também a hipótese de sermos mais furtivos e tentar derrubar o número máximo de inimigos sem grandes lutas, lembrando um pouco as abordagens de Tenchu. O jogo tenta também ter uma abordagem mais simplista de acções durante a exploração, com algumas inspirações, pois podemos saltar prédios, casas, cabanas ou qualquer tipo de obstáculo, desde que a nossa personagem tenha maneira de se agarrar ao mesmo. Caso contrário, saltarão infinitamente no ar a tentar saltar pedras ou pequenos obstáculos que o jogo não está preparado para o jogador explorar, o que torna a experiência um pouco frustrante, pois nem sempre conseguimos explorar tudo da forma que queremos, e sendo este um jogo de “mundo aberto”, a experiência acaba por ser mais de “mundo de estradas com portões abertos”, limitando um pouco a nossa exploração. Nada que estrague a diversão, no seu todo, mas o suficiente para incomodar minimamente.
No geral, a jogabilidade pode demorar algum tempo a fazer clique, principalmente pela quantidade de acções, inventários, e menus que podemos usar para mudar alguns detalhes da nossa personagem e ou durante o combate, mas depois do “choque inicial”, consegue ser bastante engraçada e divertida. No entanto, acho que falta aqui algum tipo de refinamento, pois parece que a Team NINJA ficou presa a uma geração passada de videojogos; existem vários elementos que precisavam de ser revistos e melhorados para tornar a experiência ainda mais fluída. Feitas as contas, se estão acostumados à jogabilidade de um jogo de acção da Team NINJA e costumam gostar, este título não irá ser muito diferente, para o bem e para o mal. A maior diferença entre este título e os restante da equipa, será o facto de haver várias opções de dificuldade, pois existe aqui jogo para qualquer tipo de audiência.
Os gráficos de Rise of the Ronin são um misto de sentimentos. Consegue ter vários momentos bons, principalmente nas cutscenes, em que conseguem brilhar minimamente, mas grande parte do tempo vão ter a sensação de estarem a jogar algo da geração antiga, atrevendo-me a dizer que prefiro o visual de Ghost of Tsushima, que é muito mais vibrante, do que a paleta de cores mais acinzentadas de Rise of the Ronin, ainda que de vez em quando consiga colocar uma bela vista à vossa frente. Mas infelizmente, a maior parte das texturas têm uma qualidade “ok”, sendo que não vão espantar ninguém pelas suas paisagens lindíssimas nem arquitectura; a performance anda sempre a saltar, mesmo quando temos várias opções de escolha de prioridade gráfica (FPS, qualidade ou ray-tracing), nenhuma delas torna a experiência mais estável, principalmente quando estamos em cidades mais movimentadas e/ou com mais geometria, vemos facilmente “as falhas na pintura” e sentimos que o jogo simplesmente não consegue acompanhar tudo, o que no final prejudica, e muito, a sua experiência e “degustação”.
Muitas animações também não são nada por aí além, e vemos isso facilmente durante o decorrer das nossas acções fora de combate, onde existe muitas animações invulgares, e por vezes robóticas, o que nunca acontece dentro duma luta. E esta instabilidade constante, acaba por tornar a experiência mais pobre. Apesar do motor gráfico ter tido um avanço sobre os últimos jogos da equipa, é difícil esconder que o visual não é, de todo, o ponto forte deste jogo. Para ser sincero, espero muito mais de um jogo de PlayStation 5. Já que estamos perante um jogo que tenta ser minimamente realista, visualmente, acho que a equipa podia ter polido muito mais as “arestas visuais” do jogo e ter algo mais apresentável do que tem actualmente, principalmente porque tem a Sony como parceiro interessado. Notando sempre que o que está feito não está péssimo, nem mau. Mas tendo em conta que estamos no terceiro ano de existência da PS5, a caminho do quarto, é impossível negar a desilusão de títulos que se prendem a um visual simplesmente parecido a uma geração passada.
A banda sonora do jogo consegue realmente colocar-nos no meio da acção, seja pelo tipo de música, consoante seja mais calma ou mais exaltada, costuma estar minimamente no ponto certo para nos ajudar a saltar para a acção. Ou não, caso queiramos enveredar mais pela furtividade. Só é pena que os vários estados de exaltação não sejam tão dinâmicos quanto poderiam ser, pois por vezes a música está num estado mais exaltada quando a acção acabou há 5 segundos. Outra vez, nada que estrague a diversão, no seu todo, mas o suficiente para incomodar. O design de som também é minimamente competente naquilo que faz, seja por campos verdes com agricultores a tagarelar ou animais a dar sinal de vida, seja pelas cidades com mais população. Só é pena que o jogo não nos dê mais a sensação que estamos numa cidade/aldeia, com os seus diálogos muito pouco variados. E visto que grande parte do mapa apenas temos brisas, riachos, mares e poças para apreciar sonicamente, acho que podia existir mais variedade de diálogos e interacções.
O jogo tem uma vertente de multi-jogador, onde podemos fazer grande parte do jogo com até três amigos online ou com a ajuda de IA para preencher vagas, tornando a experiência um pouco diferente. Se estiverem a jogar com amigos de outras andanças, consigo ver este jogo como uma excelente escolha para passar umas boas horas a chacinar inimigos no modo mais difícil e rir um bocado. Ou chorar, porque este jogo continua a ser feito pela Team NINJA, por isso podem esperar pela dificuldade que ela vai aparecer. E por referir Team NINJA, um detalhe interessante é que o jogo tem várias surpresas para os fãs mais antigos da equipa, e para isso vão ter que perder um pouco de tempo para explorar o jogo. Temos também, como já é costume, coleccionáveis, missões variadas e pequenos mini-jogos para explorar pelo mapa, além de uma ou outra surpresa. Se jogarem de forma casual, têm aqui umas boas dezenas de horas para investir no jogo, explorando todos os cantos do mapa e desbloqueando tudo.
Rise of the Ronin explora novas filosofias por parte da equipa de desenvolvimento, para poder agradar ao maior número de jogadores, e a parte mais importante é que consegue ser um jogo divertido, principalmente se são fãs do trabalho da Team NINJA. Mas sendo um jogo “levado às costas” da PlayStation, é pena que fique um pouco para trás visualmente, seja performance seja gráficos, quando comparado com outros títulos similares. O jogo tem uma base e potencial suficiente para um excelente sequela, ou prequela, mas no estado actual, é apenas um jogo divertido durante algumas horas, e não uma experiência definitiva e marcante. Mas altamente recomendado para quem é fã da Team NINJA.
█ F.S.
PlayStation®5 a 22 de Março. Para mais informações, visita o website oficial.
estará disponível para aRise of the Ronin (PlayStation 5)
História - 80%
Jogabilidade - 90%
Gráficos - 70%
Som / Banda Sonora - 80%
Longevidade - 88%
82%
Bom
Rise of the Ronin explora novas filosofias por parte da equipa de desenvolvimento, e a parte mais importante é que consegue ser um jogo divertido, principalmente se são fãs do trabalho da Team NINJA. Mas sendo um jogo "levado às costas" da PlayStation, é pena que fique um pouco para trás visualmente quando comparado com outros títulos similares. O jogo tem uma base e potencial suficiente para um excelente sequela, ou prequela, mas no estado actual, é apenas um jogo divertido durante algumas horas, e não uma experiência definitiva e marcante. Mas altamente recomendado para quem é fã da Team NINJA.
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