Green Hell VR – PSVR2 – Análise

Green Hell VR destaca-se pelas seuas mecânicas realistas de sobrevivência. Exige uma gestão minuciosa de saúde, fome, sede e energia, criando uma experiência profundamente imersiva que simula a luta pela sobrevivência num ambiente hostil. A criação de ferramentas e a gestão de recursos são centrais para o jogo, perante e a procura incerta de materiais para construir ferramentas, armas e abrigos. Por exemplo, pegar num ramo e numa pedra para fazer um machado, ao aproximá-los; cortar madeira requer o movimento semelhante ao da realidade com um machado; e todos esses movimentos realistas proporcionam uma imersão incrível. Porém, trazem uma curva de aprendizagem considerável, e uma acuidade que deixa um pouco a desejar. Desde o início, são notórios problemas com a precisão da interação em VR, particularmente com a deteção de colisão. Algo simples como pegar no bloco de notas que trazemos ao peito, ou interagir com as ferramentas que podemos carregar torna-se um pesadelo. O jogo falha em detetar com precisão a posição da mão para ativar a caixa de colisão, levando a várias tentativas frustradas de interagir com o objeto.

Foi um verdadeiro deleite o desafio de tentar sobreviver na selva amazónica. Na minha primeira tentativa, vagueei sem rumo à procura de um local adequado para erguer um abrigo, apesar dos múltiplos avisos, e nem me dei conta de que tinha parasitas e estava lutar contra a febre. Aprendi rapidamente a importância de cozinhar bem os alimentos para evitar doenças. Percebi que recolher todos os recursos disponíveis é crucial, pois nunca se sabe quando algo pode ser essencial para a sobrevivência.
O Bloco de Notas que nos acompanha é fundamental para as receitas de artesanato, e um especie de guia para as plantas e materias que vamos encontrando; a melhor formal de saber se uma planta é venenosa...é experimentar.

Green Hell VR oferece duas experiências de jogo distintas: o modo jogador único (ou Sobrevivência) e o modo história. O Modo Sobrevivência é menos estruturado e foca na experiência central de sobrevivência, permitindo que testemos as nossas habilidades contra os desafios da selva.

O modo história de Green Hell VR é uma boa forma de experienciar a selva pela primeira vez, de forma mais ordenada, oferecendo uma aventura narrativa envolvente. Tomamos o papel de Jake Higgins, um antropólogo que se vê numa luta pela sobrevivência na Amazónia em busca de uma tribo perdida, e de uma colega que desaparece misteriosamente. É uma boa forma de dar os primeiros passos para tentar entender como vamos sobreviver. A história é bem elaborada, com temas de sobrevivência, passado e auto-descoberta entrelaçados com o gameplay. Essa abordagem narrativa fornece uma direção e objetivos claros, tornando a experiência mais estruturada em comparação com o modo de sobrevivência. Por outro lado o modo de sobrevivência é focado nisso mesmo, sem  o lore ou algo que nos guie, para quem gosta de fazer a sua cena, sobreviendo e construindo o que quiser.

Há ainda um modo de desafios online para completar com leaderboard. Ao contrário da versão PC (VR e não-VR), a versão PSVR2 não oferece modo cooperativo. No entanto, espera-se o lançamento do mesmo num futuro DLC, ainda sem data.

Graficamente, Green Hell VR para PSVR2 tinha tudo para ser usado como o exemplo de jogo que demonstra as vantagens de ter um hardware 'de corrida'.  Podia ser um jogaço, que permitiria mundo aberto, ou mesmo os loading screens rápidos para jogos em SSD. E muitas vezes é essa a razão que me faz comprar um jogo para uma plataforma e não para outra quando tenho as duas. Não há motivo nenhum para Green Hell não ser um excelente jogo. Mas não o é. A selva amazónica é renderizada de forma mais ou menoa bela, com ambientes exuberantes e texturas detalhadas que trazem o mundo à vida. Pessoalmente, eu até gostei do efeito etéreo nas paisagens, em particular da palete quase febril do pôr do sol. Mas ainda assim, em geral os gráficos não são o que seria de esperar da plataforma em que está.

Eu já joguei diversos jogos em VR e não tive quaisquer problemas, além daquele medo de cair quando corremos, em modo de pé. No entanto, Green Hell VR foi aquele jogo em que me apercebi ter náuseas após jogar uns 20 ou 30 minutos. Primeiro, não há possibilidade de desligar o ‘Motion Blur’ e mesmo jogando sentada fez apenas uma diferença de 10 minutos até sentir que tinha de parar. O movimento realista e o ambiente imersivo podem desencadear náuseas e tonturas, especialmente durante ações como correr. Embora isso seja um problema comum em jogos de VR, a falta de configurações no jogo para mitigar esses efeitos em Green Hell VR torna isso um problema notável. É possível modar o movimento de andar para teletransporte, mas é muitíssimo mais demorado e fazer perder a imersão. Não recomendo a jogadores propensos a enjoo de movimento em jogos de VR. Isto fez com que eu não pudesse jogar tanto quanto gostaria.

Green Hell VR para PSVR2 é um jogo com imenso potencial, oferecendo uma experiência de sobrevivência profunda e imersiva na selva amazónica. As mecânicas realistas de sobrevivência e o envolvente modo história são pontos altos, proporcionando uma experiência de VR única. No entanto, o jogo peca pelos problemas de desempenho, e falta de recursos como modo cooperativo e configurações para mitigar o enjoo de movimento. Estas falhas impedem que Green Hell VR atinja o seu potencial na plataforma PSVR2. Apesar desses problemas, para aqueles que sejam imunes a alguns destes detalhes, Green Hell VR ainda oferece uma aventura que vale a pena embarcar pela emoção de sobreviver na Amazónia.