Stray, mais conhecido como “o jogo do gato”, é o primeiro título desenvolvido pelo estúdio BlueTwelve, e publicado pela Annapurna Interactive. Neste jogo, exploramos uma distopia através da visão de um gato de rua. Pelo caminho, vamos encontrando vários “seres” que nos ajudam a perceber o que aqui aconteceu. Será que o ronronar deste pequeno ser é suficiente para termos um jogo de qualidade?
Primeiro de tudo, quero só dizer que sempre gostei de animais, particularmente de gatos. Por isso, o facto de poder manobrar um gato, GATO, em vez duma personagem antropomórfica, e ser o suposto herói da história, criou alguma expectativa sobre Stray. Controlamos um simples gato, relativamente pequeno, com quatro patas, pêlo, sem qualquer tipo de acessórios, espadas, armas, etc. e apenas munido das suas pequenas garras, ou unhas. E é só. E exploramos este mundo completamente estranho, mas de certa forma um pouco familiar. A história de Stray é simples, mas envolvente e apenas peca por acabar tão cedo. O nosso pequeno herói estava com o seu grupo de amigos felinos, quando ao explorar separou-se do mesmo e deu de caras com uns seres um pouco estranhos.
Eventualmente, encontra um pequeno drone voador, o B12, e consegue fugir para as favelas da cidade, onde conhece vários habitantes, ainda que os mesmo estivessem um pouco relutantes por conhecer o nosso amigo. A partir daqui, podemos explorar vários tipos de terrenos, mas nada que seja demasiado complicado para o nosso felpudo de quatro patas. Sem dar a conhecer muitos detalhes, porque Stray sega uma narrativa muito parecida com Inside e Portal, onde não existem grandes plots desenvolvidos e apenas serve para dar um propósito à jogabilidade e visual, a história acaba demasiado cedo. Durante todo o jogo, cada secção é diferente a anterior, de forma que o jogo permanece sempre interessante na sua execução, mas quando está realmente interessante, o jogo acaba. Não acaba propriamente de forma abrupta, porque conseguimos prever minimamente qual o desfecho, mas acaba mais cedo do que deveria.
A jogabilidade é completamente original, pois não segue grandes convenções propriamente ditas. Podemos saltar para vários tipos de superfícies e vários tipos de alturas, de forma a que possamos explorar rapidamente níveis maiores, ou até para dentro de caixotes; podemos sprintar, que dá muito jeito em vários sequências de perseguições; podemos usar algumas ferramentas através do drone, como uma lanterna, um tradutor, etc.; podemos afiar as unhas em superfícies apropriadas para tal, seja por diversão, seja para chamar a atenção; podemos também dormir em certos sítios, principalmente se forem confortáveis; e temos o comando mais importante do jogo: miar. Podemos, a qualquer momento da jogabilidade, e maioria das cutscenes, miar, e como a maioria dos gatos, desconsiderar completamente aquilo que nos rodeia. Está bem, estou a ser um bocadinho mauzinho, mas se já tiveram gatos, houve alguma altura da vossa companhia que simplesmente não quis saber o que estava a acontecer.
Mas se a menção do caixote não fosse suficiente para dar uma pista sobre este jogo, em várias partes do mesmo temos que refinar os nossos sentidos e utilizar o nosso tamanho reduzido para sermos mais furtivos e explorar certos níveis com precaução. Além de correr, temos também a possibilidade de falarmos com vários seres pelo mapa, com a ajuda do nosso drone, e descobrir o que aconteceu por aqui e porque todos estão tão assustados e/ou a serem caçados por várias forças. Quando não estamos em momentos de tensão, o jogo anda à volta de puzzles e exploração, lembrando um pouco os jogos point-‘n-click, onde vamos procurando pelo mapa por pistas, perguntando ás várias personagens ou simplesmente falar com o drone para saber mais alguma coisa. Se alguma destas descrições faz parte do vosso vocabulário de videojogos, existe uma grande possibilidade de poderem gostar de Stray.
Graficamente, Stray apresenta-se de forma a conseguir mostrar que isto podia ser uma história real. Como tal, a direcção artística anda mais pelo realismo. Os níveis são relativamente grandes, que apesar do jogo não ser open world, podemos explorar à vontade, com vários pontos de interesse. As animações em geral estão muito boas, principalmente quando se trata do nosso herói com bigodes, apesar dos NPC’s sofrerem um bocado com os mapas (pegar em objectos, escadas, alguns cantos mais esquisitos), o que quer dizer que grande maioria do tempo não vão encontrar grandes glitches e/ou bugs. O visual e arquitectura dos mapas estão excelentes, sendo que temos vários tipos diferentes de níveis e conseguimos ver a ferrugem nalguns cantos, as luzes néon a reflectir nas poças de água/óleo no chão, os cabos a encontrarem-se com elementos mais naturais, esgotos com um aspecto duvidoso e de certa forma perigoso, o que não falta é variedade de ambientes possíveis de explorar. É certo que não tem a variedade de mapas dum Super Mario Odyssey, mas que faz mais sentido considerando a trama da história.
A banda sonora do jogo está excelente também, e destaca-se nos momentos de exploração, onde o ambiente é mais relaxante e dá para explorar sem grandes pressas, ou nos momentos de tensão, onde conseguimos sentir a ansiedade provocada pelo nível/situação através da banda sonora. Caso tenham curiosidade em explorar a banda sonora do jogo, podem fazê-lo através do Spotify. O sound design também está óptimo, de forma a que conseguimos perceber sempre onde estamos em relação ao mundo, o que ajuda imenso nos dois grandes mapas que por vezes podem parecer um labirinto. Desde o miar variado da nossa personagem, os barulhos mais comuns da cidade, o pingar constante duma goteira ou das criaturas misteriosas que temos pela frente, conseguimos sempre saber que se seguirmos o som, podemos descobrir algo novo.
A longevidade é possivelmente o ponto mais fraco do jogo. Tal como havia sido referido anteriormente, a história acaba demasiado cedo, e apesar de ser pouco provável de explorar completamente o jogo à primeira, certamente não terão dificuldade numa segunda volta explorar os cantos todos e descobrir mais algum detalhe. O jogo nunca teve pretensões, tanto quanto saiba, de prometer mundos e fundos nos seus anúncios, mas ainda assim, acho que faltava um pouco mais de conteúdo para ter a experiência excelente que outros jogos do género têm. Ainda assim, têm garantidamente umas 10 horas de entretenimento se quiserem apanhar os troféus/achievements do jogo e descobri o máximo possível sobre este mundo distópico à nossa disposição.
Stray consegue destacar-se completamente pelo facto de controlarmos um gato, ainda que apenas esse detalhe não é o suficiente para ser um excelente jogo. Mas associado a essa vantagem, está a jogabilidade, o visual, a história e sonoridade, elevando a experiência a um patamar muito bom. Ainda mais se considerarmos ser o primeiro jogo do estúdio, o facto de ter aqui uma jogo muito bom apenas nos dá esperanças para o futuro do estúdio no mundo dos videojogos. De forma objectiva, Stray é uma experiência curta, mas valendo mais que muitos jogos em que despendemos centenas de horas para ter um pequeno vislumbre de qualidade. E isso, não é fácil de se conseguir.
█ F.S.
PlayStation®4 e PlayStation®5, e no PC via STEAM®. Para mais informações, visita o website oficial.
Stray (PlayStation 5)
História - 85%
Jogabilidade - 93%
Gráficos - 92%
Som / Banda Sonora - 90%
Longevidade - 70%
86%
Muito Bom
Stray consegue destacar-se completamente pelo facto de controlarmos um gato, ainda que apenas esse detalhe não é o suficiente para ser um excelente jogo. Mas associado a essa vantagem, está a jogabilidade, o visual, a história e sonoridade, elevando a experiência a um patamar muito bom. De forma objectiva, Stray é uma experiência curta, mas valendo mais que muitos jogos em que despendemos centenas de horas para ter um pequeno vislumbre de qualidade. E isso, não é fácil de se conseguir.
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