Tandem: A Tale of Shadows, desenvolvido pela Monochrome Paris e publicado pela Hatinh Interactive, é mais uma mistura de puzzle com plataformas, sendo que pega numa perspectiva interessante da dupla protagonizante e dá-lhe uma reviravolta, sendo que controlamos duas personagens, em condições muito específicas. Mas será o suficiente para o título se destacar de todos os outros títulos que dão uma reviravolta ao género dos puzzles?
A história do jogo apenas…existe. Não é, de todo, um dos pontos fortes do jogo, mas está lá, ainda que não seja o foco principal do jogo e isso nota-se muito, principalmente nas suas cutscenes entre níveis, onde existem apenas algumas animações das personagens pela mansão. A história também é contada pelos próprios níveis, mas ainda assim é praticamente inexistente, pois os temas entre cada secção da mansão estão feitos de acordo com uma lógica visual e não narrativa. O grosso da história, é que temos Emma, uma rapariga de 10 anos, e Fenton, um urso de peluche, e as duas personagens exploram esta grande mansão à procura dum rapaz, chamado Thomas.
Então, a história explora o porquê de Thomas ter desaparecido assim de repente, e quando Emma tenta descobrir porquê, Fenton cai da carruagem que Emma corre atrás e decide juntar-se “à festa”, partindo os dois numa aventura pela mansão Kane. Não existe aqui grande desenvolvimento na narrativa, de forma a chamar a atenção do jogador, da mesma forma que a história em si simplesmente desenvolve porque tem de desenvolver e não porque existe um motivo real para tal, como Thomas ser uma peça única no salvamento de Emma de volta a casa, Fenton ter que recuperar ou ter um corpo humano graças a uma personagem, um pouco como a história de Pinóquio, ou algo mais envolvente. Assim, temos apenas uma história que existe por existir.
No que toca à jogabilidade, a mecânica principal de Tandem: A Tale of Shadows é o facto de podermos jogar com duas personagens, sendo possível escolher quem faz o quê. Tal como referido anteriormente, jogamos com Emma e Fenton, que nos acompanha nesta aventura pela mansão sempre pela sombra. Literalmente. Basicamente controlamos duas dimensões, a dimensão “normal”, onde exploramos a mansão propriamente dita e controlamos Emma, e a dimensão das sombras, onde manipulando a luz ao nosso gosto conseguimos criar pontes ou obstáculos para que Fenton possa avançar ou proteger-se, normalmente para procurar algum botão, alavanca, puxador, etc. que vai ajudando Emma na sua aventura.
Esta parceria implica que pensemos sempre a duas dimensões, pois em diversos puzzles a combinação de ambas é crucial na compreensão da solução do puzzle. Como já é hábito neste tipo de jogo, vão sendo adicionadas novas mecânicas ao jogo e gradualmente aumentado a dificuldade. Existem bosses, mas que são “combatidos” através da resolução de puzzles e não de combate propriamente dito, o que também costuma ser típico do género. A jogabilidade funciona muito bem, tendo em conta a implementação das duas dimensões. Existem puzzles que realmente vos vão fazer pensar e isso é o objectivo principal deste género.
Visualmente, o jogo tem ideias interessantes, que explora por cinco capítulos, cada um com vários níveis. Em cada capítulo, existe um tema visual principal, sejam palhaços, soldadinhos de chumbo, aranhas, escaravelhos ou até mesmo parentes de Kraken, temos muitas ideias visuais no jogo, que apesar de não ter um tom tão gótico, faz lembrar American McGee’s Alice, com o seu aspecto juvenil e sombrio, as maquinarias visíveis e os pequenos toques assustadores, ainda que não exista realmente terror no jogo. Mas da mesma forma que os conceitos e ideias visuais são muito interessantes, os gráficos paradoxalmente não são nada de mais, dando a sensação que o mundo é feito de plástico e as personagens de porcelana. Podiam estar mais trabalhados, visto que existem aqui conceitos muito interessantes, mas caso o vosso o foco principal for a jogabilidade, sairão deste jogo muito satisfeitos com o que aqui têm.
Já a banda sonora, é muito competente e consegue brilhar em pequenos momentos. Nunca existe um tema demasiado sombrio, de forma a que a banda sonora possa ser realmente desfrutada pelo jogador, mesmo que seja mais novo. Desde momentos mais calmos a ritmos mais tensos e impetuosos, temos sempre som de qualidade. De notar que se existisse uma maior diversidade de composição e que a banda sonora não ficasse sempre no mesmo registo de áudio, mesmo com algumas variações entre cada tema, não tem variedade suficiente para se conseguir identificar cada tema rapidamente, como outros jogos do género por vezes consegue com apenas alguns sons. O sound design está competente e acessível, com pequenos sons de ventos, sussurros e outros barulhos não identificados que nos mantêm sempre em alerta.
Se estão acostumados a este género de jogo, não deverão ter dificuldades em ultrapassar os obstáculos que apareçam à frente, mesmo quando a dificuldade aumenta gradualmente. Os puzzles têm conceitos muito interessantes, muito pelo facto de utilizarmos a sombra como forma de ultrapassar grande parte dos obstáculos com o Fenton, sendo que existe uma vasta variedade de puzzles interessantes, mesmo com algumas partes sejam mais monótonas. Se este é o vosso primeiro título, provavelmente deverão ter um bom bocado para pensar em como resolver e realmente resolver o problema.
Em suma, Tandem: A Tale of Shadows tem muitas falhas, principalmente visualmente e narrativamente, mas tem muito charme e existe aqui um diamante (muito) em bruto que caso tenha uma sequela tem oportunidade de limar arestas e melhorar os seus pontos fracos. Caso o visual não seja de todo o vosso favorito, existe sempre a possibilidade de jogar apenas pela qualidade dos puzzles.
█ F.S.
TANDEM: A TALE OF SHADOWS está disponível para a Nintendo Switch, PlayStation®4, Xbox One e no PC via GOG.com, STEAM® e Epic Games Store. Para mais informações, visita o website oficial.
Tandem: A Tale of Shadows (PC)
História - 60%
Jogabilidade - 83%
Gráficos - 70%
Som / Banda Sonora - 85%
Longevidade - 80%
76%
Bom
Tandem: A Tale of Shadows tem muitas falhas, principalmente visualmente e narrativamente, mas tem muito charme e existe aqui um diamante (muito) em bruto que caso tenha uma sequela tem oportunidade de limar arestas e melhorar os seus pontos fracos. Caso o visual não seja de todo o vosso favorito, existe sempre a possibilidade de jogar apenas pela qualidade dos puzzles.
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