Quase 10 anos e uma demão de definição depois, eis que nos chega o mais recente título da Nintendo, The Legend of Zelda: Skyward Sword HD. Apesar da moda dos sufixos “HD” se ter perdido nas últimas duas gerações, aqui faz todo o sentido, tendo em conta que o jogo saiu originalmente para Nintendo Wii, que ficava limitada pela resolução de 480p.
2011 foi um ano cheio de excelentes videojogos, principalmente em termos de venda unitárias. Mas The Legend of Zelda: Skyward Sword falhou nas expectativas da empresa nipónica em termos de vendas, mesmo tido uma excelente recepção por parte dos críticos e fãs. Então, como forma de reaproveitar “código antigo bom”, a Nintendo decidiu relançar vários títulos antigos, dando a oportunidade a uma nova geração de jogadores poderem experimentar possíveis clássicos que simplesmente ficaram esquecidos pelo tempo e plataforma, como aconteceu com vários títulos da Nintendo WiiU e com The Legend of Zelda: Skyward Sword na Nintendo Wii.
A história está bem estruturada. Nada de espectacular, mas muito competente naquilo que faz. Temos uma base que acompanha (praticamente) todos os títulos The Legend of Zelda: temos de salvar, ou pelo menos ajudar, Zelda. Neste caso, Zelda também faz parte da acção e é uma peça integral na narrativa activa, que faz as engrenagens rodar. Apesar de ser muito competente, com excelentes personagens, locais e estrutura, a história consegue sofrer um pouco de repetição no que toca aos locais que visitamos e o que devemos fazer nos mesmos. Muitas vezes parece que percorremos o mesmo local com novos inimigos apenas porque sim, e não porque existe realmente uma razão válida, como revisitar o mesmo local por causa dum item que agora ficou disponível e que seja realmente importante para avançar na história. Ainda assim, a história é muito boa, mesmo com os seus problemas, e dá vontade de explorar mais o jogo para saber o que vai acontecer a seguir, ainda que podemos prever o final do jogo.
A jogabilidade é claramente a parte mais fraca do jogo, principalmente quando a comparamos com outros títulos The Legend of Zelda presentes no catálogo da Nintendo Switch. O jogo original foi feito com o objectivo de mostrar motion-controls e na altura foi altamente criticado por isso mesmo. Desta vez, podemos escolher quais os controlos que queremos, motion-controls ou botões, mas ainda assim acho que não mostra realmente o potencial que o jogo poderia ter caso tivesse sido feito com outro objectivo além de mostrar o que era possível numa série de alto gabarito da Nintendo. Os motion-controls funcionam minimamente, mas acho que podiam ter tido mais algum refinamento, tendo em conta este novo lançamento do jogo. Mas infelizmente, os botões também não funcionam tão bem como poderiam, sendo que existem escolhas na forma de jogar muito contra-produtivas, principalmente em 2021. Temos o caso da câmara ser controlada por um analógico mais um botão, lembrando jogos no final da quinta geração/princípios da sexta geração, onde ainda se experimentavam várias formas de tornar confortável a terceira dimensão, sendo que o analógico sozinho serve para manejar a espada.
Até percebo o porquê, foi a melhor forma de conseguir o feedback da espada da forma mais instantânea possível, mas isto faz com que seja extremamente difícil adaptar ao novo paradigma de controlos e torna a experiência um pouco frustrante no inicio, sem necessidade para tal. Existem imensos jogos que utilizam um botão extra para controlar armas/ataques/etc., sem colocar em causa a forma como estamos habituados a jogar. Mas depois do “transtorno” e adaptação inicial, lá se torna mais fácil de jogar e apreciar o jogo. Mas da mesma forma que a história tem problema de repetição e ritmo, o mesmo acontece com a jogabilidade, onde temos que passar várias secções de “encher chouriços” para chegar ao núcleo da jogabilidade que realmente interessa. Feitas as contas, a jogabilidade não é péssima, ou até má, mas tem muitas falhas para ser realmente degustada como deve ser. Ainda assim, existem pequenas secções que realmente divertiram-me e isso tem que ser reconhecido, mesmo com falhas.
Graças à direcção artística, o visual permanece um dos pontos fortes do jogo: com várias texturas que se assemelham a pinceladas e o estilo “menos realista” já bem caracterizado pela série. De certa forma, a única evolução possível para a série não perder o charme, seria o que aconteceu com The Legend of Zelda: Breath of The Wild, adoptando um estilo cel-shaded mais dinâmico e trabalhado. Em muitos aspectos do jogo, se vê como a evolução de Skyward Sword para Breath of The Wild fez muito sentido. Apesar dos modelos das personagens, locais, armas, etc. não serem os mais definidos, tendo em conta a plataforma inicial do jogo, é possível ver muitos detalhes que dão a caracterização necessária a este mundo de Hyrule. Mesmo com as limitações, existem vários “mapas” de maior dimensão que não têm qualquer problema de performance, tendo apenas encontrando pequenos “saltos” durante secções de combate mais atulhadas de inimigos e/ou ataques.
E da mesma forma que o visual permanece um dos pontos fortes, a banda sonora é excelente, tendo apenas o sound design como muito bom devido à melhoria impressionante neste departamento nos últimos dez anos por parte da indústria, em que explodiu de forma exponencial na qualidade de sons. Mas continua a ser um dos melhores exemplos que a Nintendo tem para mostrar como o som é extremamente importante nos seus videojogos e como é dedicada uma atenção extra ao mesmo. Já a banda sonora, consegue ser praticamente perfeita na sua tonalidade e caracterização das personagens só apenas por um acorde ou arranjo, lembrando certas personagens ou sítios apenas com um pequeno som.
Demorei cerca de 56 horas para terminar o jogo, sem grandes pressas e tentando explorar cada metro do mapa, nem que fosse à procura de rubis. Uma parte desta longevidade é passada a revisitar locais já antes explorados, com novos inimigos e pequenas áreas que abriram com o nosso progresso. Esta longevidade consegue ser um pouco artificial, no sentido que por vezes passamos o mesmo mapa duas, ou até três, vezes, mas existe já aqui uma preocupação de dar mais vida aos locais, de forma a não sentirmos que o jogo está a expor demasiados detalhes sobre o seu mundo e personagens, coisa que vimos ser bem aperfeiçoada em Breath of The Wild. Ainda assim, terão entretenimento para muitas horas.
No final, The Legend of Zelda: Skyward Sword HD é um título que realmente deve ser apreciado, não só pelos fãs da série mas também por fãs de jogos de aventura e/ou fantasia. No entanto, é difícil deixar passar que mesmo que seja um bom jogo, tendo ainda em conta o lançamento original, as falhas são por vezes demasiado graves para tornar este título obrigatório e definitivo de qualquer colecção, como tantos outros da série. Juntando isto ao facto do preço de lançamento da versão HD e temos vários argumentos contra o jogo, e “batemos na mesma tecla”, desnecessariamente. Acho ternurento o amor que a Nintendo tem pelo seu código antigo, e bom, mas também acho por vezes um pouco arrogante por parte da empresa, e até casmurrice, não baixar os preços dos jogos por orgulho, em vez de dar aos consumidores mais oportunidades de comprarem os títulos definitivos da consola. Ainda assim, um título sólido o suficiente para considerarem comprar agora, ou simplesmente nem pensar duas vezes quando baixar de preço.
█ F.S.
The Legend of Zelda: Skyward Sword HD está disponível para a Nintendo Switch. Para mais informações, visita o website oficial.
The Legend of Zelda: Skyward Sword HD (Nintendo Switch)
História - 80%
Jogabilidade - 73%
Gráficos - 85%
Som / Banda Sonora - 95%
Longevidade - 87%
84%
Bom
No final, The Legend of Zelda: Skyward Sword HD é um título que realmente deve ser apreciado. No entanto, é difícil deixar passar que mesmo que seja um bom jogo, as falhas são por vezes demasiado graves para tornar este título obrigatório e definitivo de qualquer colecção, como tantos outros da série. Juntando isto ao facto do preço de lançamento da versão HD e temos vários argumentos contra o jogo desnecessariamente. Acho ternurento o amor que a Nintendo tem pelo seu código antigo, mas também acho por vezes um pouco arrogante por parte da empresa não baixar os preços dos jogos por orgulho, em vez de dar aos consumidores mais oportunidades de comprarem os títulos definitivos da consola. Ainda assim, um título sólido o suficiente para considerarem comprar agora, ou simplesmente nem pensar duas vezes quando baixar de preço.
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