Kholat, da IMGN.PRO, chega agora à Nintendo Switch, depois de ter sido lançado para a PlayStation 4 e PC em 2015. É um indie de terror e sobrevivência que tinha tudo para ser um jogo apaixonante, mas os pontos negativos tiraram o encanto a esta experiência.
A história de Kholat baseia-se em factos verídicos, no conhecido Incidente do Passo Dyatlov em 1959, quando um grupo de estudantes russos morre numa uma expedição à montanha Kholat Syakhl, ao passo que surgem diversas teorias para explicar o sucedido. Com uma premissa empolgante, seria de esperar uma imersão narrativa imediata e um belo jogo. Fiquei estupefacta aos primeiros minutos do jogo, mas Kholat acabou por estar aquém das expetativas.
A introdução, numa arte estilo banda desenhada, põe-nos a par do que aconteceu aos estudantes; ainda assim dá mais ou menos a mesma informação que a página da Wikipédia relativa ao incidente. Logo de seguida somos atirados para o primeiro ato sem saber quem é a nossa personagem, nem quem são os estudantes e isto pouco muda ao longo da jornada. A história divide-se em três atos, sendo que o grosso do jogo ocorre no segundo.
O objetivo não é imediatamente claro, mas passa por procurar compreender os bizarros acontecimentos por detrás do incidente, visitando vários locais-chave. Tem aspetos interessantes, como a navegação realista de bússola e mapa, que não nos indica a localização. Temos de saber através das pistas e coordenadas onde estamos e onde temos de ir. É baseado unicamente no nosso próprio sentido de orientação. A ideia é boa, só que na maior parte do tempo não fazemos ideia de onde estamos, nem há grandes indicadores. Acaba por se tornar cansativo, já que a distribuição de eventos pelo jogo não é homogénea. A história avança quando chegamos a um desses lugares icónicos e pouco ou nada acontece nas restantes partes do mapa, com exceção de um ou outro sobressalto. Desta forma a maior parte da ação é lenta e decorre…a andar às voltas. Além disto, os comandos são simples, mas carecem de melhoramentos; por exemplo acender a lanterna ou ver o mapa são ativados com um botão e só com esse botão são desativados, não com o botão B.
Visualmente, Kholat conta com gráficos lindíssimos, paisagens na montanha coberta de neve ou floresta negra, que fomenta o ambiente assustador do jogo, acentuado pelos efeitos sonoros, que são cruciais para o desenvolvimento da história e da orientação.
A voz icónica de Sean Bean (Boromir em O Senhor dos Anéis ou Ned Stark em Game of Thrones) narra a história e é um dos trunfos do jogo. Outro dos pontos fortes é a música de Arkadiusz Reikowski, compositor da banda sonora de outros jogos como Layers of Fear e Blair Witch. Recomendo o uso de fones, pois notei que por vezes a música se sobrepunha aos efeitos. No entanto as definições de som podem ser alteradas.
Muito à base de exploração, sobrevivência e estímulo sensorial, Kholat passa rapidamente a ser frustrante. Não é aquela frustração de um jogo que é difícil e, após alguma tentativa e erro, ultrapassamos os obstáculos. É aquela frustração de um jogador que se sente enganado com as promessas que o jogo faz no início e ficaram por cumprir, bem como problemas técnicos recorrentes.
Na Nintendo Switch os problemas de performance são evidentes e incontornáveis. A cada meia dúzia de passos o jogo congela para carregar o cenário. Isto em modo dock, porque em modo portátil os gráficos ficam severamente desfocados (ver imagem abaixo) e o cenário carrega à nossa frente a uma distância muito curta, em especial a correr.
Tem outros aspetos visuais negativos, tal como a letra demasiado pequena naqueles bilhetes que temos de recolher. Podemos fazer zoom, mas também há quase sempre uma narração áudio do bilhete que não é possível parar sem fechar o menu e que ao abrir recomeça. Em modo portátil, a letra tem um tamanho ainda mais cansativo.
Kholat tinha todos os ingredientes para ser um jogo excecional. O tema era interessante, mas não foi bem explorado e também não houve uma ligação forte entre as partes que o compõem. Tem uma duração de 5 a 10 horas, mas se excluirmos as partes em que se anda às voltas e não acontece nada, dura menos de 3. É evidente a discrepância entre qualidade gráfica e de conteúdo, agravada pelos problemas de performance.
Review Overview
Kholat
Jogabilidade - 58%
Gráficos - 80%
Som/Banda Sonora - 85%
Longevidade - 60%
71%
Arte gráfica muito boa, bem como banda sonora. Narrativa fraca, má distribuição dos eventos e graves problemas de performance.
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