Já todos sabemos que a Quarentena está a ter impacto em todas as pessoas, principalmente naqueles que estão a trabalhar diariamente para todos conseguirmos manter uma “normalidade” nestes tempos de angústia. Como tal, os videojogos são um excelente escape, onde podemos descobrir mundos fantásticos e culturas tão diferentes e interessantes que colocam em causa o nosso conhecimento actual das culturas globais, podendo em muitos casos, solicitar que exploremos as mesmas, devido a uma inspiração directa ou apenas um conceito parecido. Mas a forma mais fácil de viajar, é conhecer algo semi-desconhecido: um país vizinho que tenham interesse na cultura parecida, mas com nuances diferentes o suficiente para explorar; uma cidade que nunca visitaram, mas já a viram nalgum documentário, programa televisivo, livro, filme, etc; continente que engloba tudo o que querem conhecer na vida, devido à sua paisagem ou até pessoas. E esta sensação normalmente acontece com jogos baseados em locais reais.
Assim sendo, ultimamente tenho jogado Marvel’s Spider-Man. Toda a sua história passa-se na grande maçã, aquela que é o centro de muitas histórias Marvel. Mas o nosso vizinho Spider-Man é possivelmente o herói mais comum, pois passa por todos os problemas que muitos de nós passamos: é difícil pagar as contas ao fim do mês; nem sempre podemos estar com quem queremos, quando queremos; por mais que tentemos, nem sempre conseguimos fazer o mais acertado. Mas apesar de tudo, existe sempre uma pequena esperança que tudo irá ficar melhor do que está actualmente. E passear por Nova Iorque, ajudando pessoas pelo caminho, é uma boa forma de sentirmos que estamos a ajudar o mundo, quando não conseguimos fazer mais. E jogar algo como Marvel’s Spider-Man, poderá ajudar nesse sentido, onde podemos ajudar quem mais precisa.
Já não tocava no jogo desde o seu lançamento, e apesar de não ter uma estrutura de jogo muito diferente dos mais populares do género, o facto de ser tão satisfatório atravessar a cidade de teia em teia, torna a experiência ainda mais apelatória para explorar. Pequenos bairros situados em ruelas esquecidas pelo tempo, onde as tradições mantêm-se durante décadas, como as pizarias e as igrejas ortodoxas da cidade, dando um carácter e vida única a esta cidade que é uma amalgamação de culturas. Saltar de prédio em prédio, de forma contínua, continua a ser divertido. Mas tenho andado mais rasteiro, visitando locais de interesse ou até encontrar pérolas esquecidas.
Passeei pela cidade, encontrei fãs que apoiaram a luta e encontrei outros…menos fãs. Encontrei também alguma da vida animal na cidade, que apesar de ser escassa, é altamente sociável, mas ao contrário de alguns jogos do género, não podemos interagir com a mesma. Ainda assim, foi interessante encontrá-la. Descobri também que apesar existir muita actividade e vida na base da cidade, também as existem no topo dos edifícios, como festas particulares (mais ou menos), com direito a almoço e música incluída, e até uma piscina! Afinal, acho que vou ter mesmo que explorar estes pequenos aglomerados no topo da cidade, só para apreciar a vida que todos eles contêm.
Mas não é só diversão. Tinha missões por fazer desde a última vez que explorei o jogo, e então aproveitei para “arranjar brigas” com entidades corruptas e autoritárias. Qual a melhor forma de derrotar tais forças do que lutar com os próprios punhos? Lutar com os próprios punhos. E teias. E escudos. E mísseis que as mesmas entidades dispararam. Mas principalmente punhos. O que interessa é que no final, tudo ficou resolvido.
Algo que marca também Nova Iorque é o metro da cidade. É conhecido por ter todo e qualquer tipo de vida, sejam ratos a levarem pizzas para casa, sejam bandas a dar um concerto em plena viagem às 3 e meia da manhã, o metro é famoso por muitas coisas, muitas vezes pouco ou nada boas, mas continua a ser um marco, e sempre dá para actualizar e manter a conversa em dia com os cidadãos que aqui vivem e/ou trabalham.
Com o cair do dia, fui procurando outros sítios que pudessem ter pontos de interesse a outra hora do dia, sítios em que pudesse ver a cidade com outra luz. Ou outros olhos…tanto faz, o que interessa é que é uma nova oportunidade de aprender sobre a cidade e as suas excentricidades, que tanto são faladas pelo mundo fora.
Existe mais do que transeuntes nas ruas, existem pequenos concertos a decorrer, existem vendas de “garagem” sem qualquer tipo de garagem por perto, existem pequenos detalhes que dão vida a esta cidade e torna-a um pequeno/grande easter egg, em que torna-se um proeza tentar descobrir tudo o que é possível interagir ou reconhecer por cada canto escondido. E escondido porque esta cidade é enorme, cheia de ruas, ruelas e becos, onde existe pelos menos uma forma de vida presente. E podemos interagir com algumas pessoas, seja para cumprimentar, seja para descobrir algo ruim acontecendo do outro lado da rua, bairro ou vizinhança.
A tarde em Nova Iorque passa relativamente depressa e calma, porque a noite trás mais afluência para vários pontos da cidade. Então, mais vale explorar um pouco e patrulhar pela cidade antes que chegue a noite. A cidade tem um cor característica a esta hora, o que torna o ambiente mais acolhedor, para uma cidade que normalmente é apelidada de “fria”. Existe menos pessoas pela cidade também, tal como carros, o que facilita na exploração da mesma, tornando-a mais calma nesta altura.
Mas tal como referido anteriormente, a noite trás novamente mais actividade à cidade. Assim sendo, mais vale arranjar um fato novo para ir à uma estreia de um filme, só para ter uma desculpa para explorar mais sítios diferentes. A cidade também é conhecida por outras referências, como é o caso de filmes, livros e até música. Mas neste caso em específico, encontrei a garagem dos Ghostbusters por acaso, que também o podem fazer com a ajuda de um guia oficial, e foi interessante descobrir a cidade à noite, com sítios que antes estavam calmos, agora com mais vida.
Fica assim feita, a minha primeira proposta de viajar nesta altura complicada em que a nossa sociedade está a passar, e tentar com que aqueles que podem experimentar uma nova aventura, que fiquem com mais vontade de o fazer. Tendo em conta o quanto a cidade está bem representada neste jogo, a experiência é semelhante até certo ponto (explorar lojas específicas, monumentos que estejam noutros bairros e/ou ilhas, interagir com todas as pessoas, explorar certos edifícios). Desde de criança que sempre quis conhecer Nova Iorque, muito pela influência de Spider-Man, e este jogo é uma boa introdução para uma nova aventura.
█ F.S.
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New York do The Division também está espetacular, e tem o plus de ser do tema de quarentena e vírus e tal! Era fixe um artigo deste género sobre esse jogo também. 😉
Olá Mike, obrigado pela sugestão!