A primeira adaptação de One Punch Man nos videojogos era algo muito esperado, pelo menos para mim para ser sincero. Para quem não conhece, muito resumidamente, o conceito por detrás da manga/anime é que um rapaz treinou tanto mas tanto que perdeu todo o cabelo que tinha e tornou-se no ser mais poderoso do universo. A história acompanha a vida deste poderoso ser na sua batalha contra o mal e na procura de alguém que lhe faça frente de algum modo, sem ser dominado pela personagem principal (ou até mesmo secundária), o que, SPOILERS, nunca acontece. Se quiserem ver a série, o que conselho vivamente, podem ver a primeira temporada na Netflix e a segunda no Crunchyroll. Mas, e o jogo?
Eu estava mesmo à espera deste jogo ser algo único e muito diferente do que até agora se viu, o que tecnicamente é verdade em ambas as premissas, mas apesar de introduzir elementos e conceitos interessantes, o jogo é simplesmente…medíocre. Comecemos pelo principio, controlamos o nosso próprio herói, completamente personalizável. Começamos na classe mais baixa, a classe C, e trabalhamos para que possamos subir, lentamente, a posição de cada classe. Para isso, fazemos missões que tenham ligação directa com a história, em que basicamente empatamos os inimigos até Saitama chegar ao combate, e derrotar tudo e todos. Também podemos “explorar uma cidade” (já voltamos a este conceito mais abaixo) e encontrar cidadãos, ou até mesmo outros heróis, com dificuldades no seu dia-a-dia. Podemos também “personalizar” o nosso quarto e decorar da forma que mais agrade ao jogador. Também podemos personalizar a nossa fatiota de herói, tal como o nosso estilo de luta, bastante inspirado noutras personagens da série.
Mas a jogabilidade não é a parte forte do jogo, infelizmente. Como o jogo é um arena fighter, muito diferente de outros jogos de luta, a jogabilidade tem de ser minimamente boa para se tornar viciante e desafiante ao mesmo tempo. O que acontece na verdade é precisamente o contrário, onde temos uma jogabilidade muito simples e pouco ambiciosa, que facilmente aborrece. não ajuda o facto do jogo no início ser muito simples e de repente subir a dificuldade de tal forma que se torna frustrante jogar simples combates contra personagens que nem no programa fizeram parte. A “cidade” que exploramos, pouco tem para explorar, tendo em conta que é muito pequena e quase deserta de qualquer actividade diferente, para além de combater. É verdade que temos algumas lojas de roupa, livros (pontos para a nossa personagem), mobília (para o nosso apartamento) e até powerups, mas é só para “atirar areia para os olhos” do jogador e fazer que tem mais conteúdo do que realmente existe. Temos também multijogador local, mas…nada que se compare a outros arena fighters, muito menos a outros jogos de luta.
Os gráficos são…ok. Depois de Dragon Ball FighterZ, tenho uma tremenda dificuldade em aceitar que todos os jogos anime não têm aquele aspecto, principalmente pelo facto de serem jogos leves. Mas pronto, cada empresa tem os seus trunfos e percebo que não seja uma carta que a Arc System Works queira tirar fora do seu baralho. Mas voltando ao jogo em mãos, os gráficos não são dos piores. Fazem o seu papel muito competentemente e não passa daí. Se estivermos a discutir as personagens. Se o tema for a “cidade”, o jogo não foi, de todo, optimizado para correr sem problemas. Temos problemas de pop-ins; framerate muuuuito lenta em vários pontos da cidade, mesmo jogando offline; problemas com hitboxes durante as lutas, onde a nossa personagem não consegue acertar um golpe quando o oponente está no chão, mas o mesmo não acontece quando se passa o contrário. E estes são apenas alguns dos problemas que o jogo tem, mas que são muito mais agoniantes e que prejudicam toda a experiência.
A banda sonora é muito monótona e parece que simplesmente existe porque sim. Bastante esquecível. Já as vozes das personagens parece que não sofreram edição e parecem estar sempre aos gritos, mesmo quando nada se passa e apenas nos encontramos numa conversa normal. Até à data, não houve nenhum update para alterar esta situação, por isso posso presumir que tenha sido propositadamente. Ou simplesmente falta de atenção. Ou a equipa por detrás do jogo não quis saber. Esta é uma daquelas roletas russas que irão perder de qualquer forma, independentemente da ronda.
A longevidade é capaz de ser a única salvação do jogo, pois irão ser precisas umas dezenas de horas para completarem todas as missões e side-quests. Mas também não é dizer muito, pois quando temos um jogo que acaba por ser frustrante, acabamos por não querer saber e deixar o jogo de lado. Ao longo das batalhas, a jogabilidade torna-se muito monótona e acabamos por nos aperceber como a mesma “não tem sal” e que apenas é um pretexto para dizer que estamos a jogar One Punch Man. Sim, vai demorar até acabar o jogo, mas não posso afirmar com toda a certeza de que irá ser divertido até ao fim. Ou até em qualquer parte do jogo.
One-Punch Man: A Hero Nobody Knows é um jogo que parece ter sido feito em três meses. Parece ter sido feito apenas para poder fazer parte da colecção da Shonen e tentar absorver o máximo de lucro possível, tendo em conta que muitas do que está presente no jogo não tive o carinho e o polimento necessário para ser um jogo inesquecível, ou até agradável. Não é mau ao ponto de dizer que não o devem jogar, mas se o vão fazer, devem esperar por um preço bem baixo, pois não existe aqui conteúdo e/ou qualidade suficiente que justifique o preço actual.
█ F.S.
ONE PUNCH MAN: A HERO NOBODY KNOWS está disponível para a PlayStation®4, Xbox One, e na STEAM® para o PC. Para mais informações, visita o website oaficial.
One-Punch Man: A Hero Nobody Knows (PS4)
Jogabilidade - 60%
Gráficos - 64%
Som / Banda Sonora - 40%
Longevidade - 75%
60%
Medíocre
One-Punch Man: A Hero Nobody Knows é um jogo que parece ter sido feito em três meses. Não é mau ao ponto de dizer que não o devem jogar, mas se o vão fazer, devem esperar por um preço bem baixo, pois não existe aqui conteúdo e/ou qualidade suficiente que justifique o preço actual.
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