Cinco anos depois do primeiro título, o inspector Zé Justino e o Robot Palhaço voltam a ter um mistério para resolver, mas desta vez o cenário é o mítico intercidades, um dos locais mais mais misteriosos e cheio de experiências bizarras que o povo português conhece. Mas será que o destino final tem tudo para ser bom?
Para quem não conhece, Inspector Zé e Robot Palhaço é uma saga que decorre em Portugal, normalmente em Lisboa e arredores, onde presenciamos a vida alucinante (leia-se alcoólica) e fantástica (leia-se bizarra) da dupla formada por José Justino, mais conhecido como Zé, e o Robot Palhaço, o saidequique que sabe que faz parte dum videojogo e que nos ajuda nos momentos de mais confusão. Ambos resolvem casos que parecem ter saído d’um episódio de The Twilight Zone, onde coisas que supostamente não deveriam acontecer, acontecem. E todos os envolvidos, normalmente nem reparam no quanto anormal toda a situação realmente é. E ajudando ao elenco colorido, temos várias personagens que vamos encontrando pelo caminho que nos ajudam a desvendar intrigas e a resolver os casos misteriosos.
Nesta nova aventura alucinante, o inspector Zé é abordado pelo agente Garcia, amigo de longa data, com o intuito de saber quem é o assassino que anda a limpar o sebo a várias pessoas que utilizam o intercidades como veículo de eleição entre Lisboa e Porto. Agora não temos como fundo de exploração, a cidade de Lisboa com os seus encantos e traços únicos, mas sim algumas carruagens. Apesar de serem locais interessantes, senti falta de explorar sítios conhecidos, mas com um toque especial da equipa Nerd Monkeys. É uma ideia diferente do jogo anterior, e lembra muito um romance em especial de Agatha Christie, mas estarmos sempre a explorar as mesmas carruagens pode tornar-se monótono. Ainda assim, a equipa tentou criar alguns mini-jogos para quebrar a monotonia (possivelmente) e tornar a jogabilidade menos rígida, algo bastante comum nos jogos point-and-click.
As animações continuam soberbas e a arte espectacular, mantendo uma entidade original e facilmente reconhecível. Apesar de quase todo o jogo se passar em carruagens, foi dada a atenção necessária a cada uma, tornando-as minimamente únicas e diferentes uma das outras. Ainda assim, o Assassino do Intercidades consegue ter menos secções que o jogo anterior, e isso reflecte-se na exploração e longevidade do jogo. Existem pequenas secções que vão aparecendo aqui e ali, dando uma nova vida ao título, mas que apenas adicionam alguns minutos de exploração e acabam por tornar-se praticamente vazias após a exploração, sendo que decerto haverá uma saidequeste que irá utilizar o mesmo sítio no futuro. Mas as personagens conseguem fazer com que o jogo valha bem a pena, pelas suas características e diálogos, e tal como o jogo anterior, onde demonstravam o quão importantes eram para o jogo, estão ao mesmo nível de importância que os fundos Lisboetas e os fundos mecânicos e bolorentos do Intercidades.
A banda sonora, tal como no jogo anterior, é também um ponto forte do jogo. Agora, temos novos temas, acompanhados de suspense e glamour, misturados com sons mais urbanos. Apesar de serem utilizados alguns temas do jogo anterior, as novas composições são excelentes e deixam-nos muito ansiosos, sempre com aquele sentimento de angústia e paranóia, mas sempre num tom divertido. Sim, porque tal como aconteceu com o jogo anterior, as conversas e história são assuntos sérios, mas sempre levados de ânimo leve e com piadas secas pelo meio, não tivéssemos o Robot Palhaço como segundo membro da equipa Maravilha.
A história e os diálogos são engraçados, tal como foi referido anteriormente, mas a longevidade do jogo é muito mais curta, quando comparado com o título anterior. Poderá só ser uma má percepção do tempo, mas penso que o jogo realmente está mais curto, ainda que existem coleccionáveis que decerto irão tirar-vos muito para encontrá-los a todos. Mas depois de todas as contas feitas, o jogo demorou-me 5 horas a terminar. Não estou de forma alguma a criticar o o tamanho do jogo, mas sim apenas a comparar com o título anterior, e parece-me que é mais curto. Ainda assim, acho que irá proporcionar muitas horas de diversão e risos, pois sou grande fã da escrita e como as personagens normalmente lidam com problemas nada quotidianos.
No geral, o jogo conta com uma apresentação genial e única, o que nem sempre é fácil nos dias de hoje, uma banda sonora “do catano”, diálogos engraçados e interessantes, e uma história muito diferente do habitual, onde nem tudo o que parece é. Adicionando uns easter eggs às contas, e temos uma fórmula perfeita. Mas é necessário notar que o facto de estarmos sempre dentro de um comboio torna esta aventura um pouco monótona, mesmo com os pequenos incentivos que vão sendo adicionados à medida que vão acontecendo crimes, encontrando pistas e/ou personagens. Ainda assim, este é um jogo que vale bem a pena, principalmente se jogado lado a lado com o Crime do Hotel Lisboa e com o episódio gratuito Praxe do Gangue das Capas Negras.
█ F.S.
Inspector Zé e Robot Palhaço em: O Assassino do Intercidades está disponível para PC, Mac e Linux. Para mais informações, visita o site oficial.
Inspector Zé e Robot Palhaço em: O Assassino do Intercidades
Jogabilidade - 85%
Gráficos - 90%
Som/Banda Sonora - 80%
Longevidade - 75%
83%
Bom
O jogo está com uma apresentação genial e única, o que nem sempre é fácil nos dias de hoje, uma banda sonora "do catano", diálogos engraçados e interessantes, e uma história muito diferente do habitual, onde nem tudo o que parece é. Adicionando uns easter eggs às contas, e temos uma fórmula perfeita. Mas é necessário notar que o facto de estarmos sempre dentro de um comboio torna esta aventura um pouco monótona. Ainda assim, este é um jogo que vale bem a pena, principalmente se jogado lado a lado com o Crime do Hotel Lisboa e com o episódio gratuito Praxe do Gangue das Capas Negras.
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