Pela primeira vez, um Português conseguiu chegar ao top 4 de VGC nos Pokémon World Championships. Este feito foi alcançado pelo Eduardo Cunha na edição de 2016 e a MoshBit Gaming esteve à conversa com ele.
MBG – Boa noite. Antes de mais, em nome da Moshbit Gaming gostava de te dar os parabéns pelo 4º lugar nos Pokémon World Championships e queria também agradecer a sua disponibilidade para nos dar esta entrevista. Primeiro, gostava que nos falasses um pouco sobre ti.
Eduardo Cunha – Eu sou o Eduardo, também como conhecido como EmbC ou Mangueiras, tenho 18 anos, vivo e nasci no Porto e os meu hobbies passam por sair com os meus amigos, jogar vídeo jogos e comunicar com amigos de todo o mundo, falando sobre vários tópicos. Tenho, também, uma paixão pela Física e pela Química, que espero estudar agora na universidade.
MBG – Como é que o Pokémon apareceu na tua vida?
Eduardo Cunha – O jogo em si foi quando tinha apenas cerca de 4-5 anos. Os meus primos jogavam e eu pedia sempre para me deixarem também, até que, eventualmente, eles me arranjaram um Game Boy Color. A partir daí fui sempre jogando com os meus amigos.
MBG – Sem ligar aos stats, qual é o teu Pokémon favorito e porquê?
Eduardo Cunha – Diria Garchomp ou Hitmontop. Adoro os conceitos e o design.
MBG – Quando é que começaste a ver o jogo de uma forma competitiva?
Eduardo Cunha – Por volta dos meus 10 anos descobri a comunidade online de “Single Battles”. Jogava em ladders de simuladores e, eventualmente, até arranjei forma de gravar os meus combates na “DS” para os publicar no Youtube. Quando tinha 12 anos, descobri a existência de um torneio nacional em Madrid, aberto a qualquer nacionalidade. Eu e a minha mãe encontrámos um voo a 20€ e fomos passar lá o fim-de-semana. O limite de participantes foi atingido antes que chegasse a minha vez de me registar, o que me deixou bastante devastado. Eventualmente, a vontade de jogar o formato oficial reapareceu e, aos 15 anos, comecei a dedicar-me mais seriamente a VGC.
MBG – Quantas horas costumas dedicar ao Pokémon por dia?
Eduardo Cunha – Mais do que devia ahahah. Diria que cerca de 4-5 horas em média. Um pouco menos em tempo de aulas e um pouco mais aos fins-de-semana.
MBG – Foi a primeira vez que participaste num torneio Internacional?
Eduardo Cunha – Não, já participei em vários, sobretudo a nível online. A nível presencial, nunca me tinha saído tão bem como no mundial, mas online já ganhei vários torneios.
MBG – Como foi participar nos Pokémon World Championships 2016? Estavas à espera de chegar ao top 4?
Eduardo Cunha – Foi uma experiência inesquecível. Desde sempre, tive o sonho de poder ir ao Mundial, mas nunca tinha conseguido o convite. Normalmente, tinha muito azar nos torneios de qualificação. Desde estar doente, a ver a minha consola a estragar-se na primeira ronda, sempre tive algo a prejudicar-me. Contudo, este ano obtive o convite que, embora não tivesse sido pago, sempre serviu de desculpa para uma viagem tão dispendiosa. O meu objetivo era só divertir-me e finalmente conhecer as dezenas de amigos que tinha de todo o mundo.
Devido aos meus resultados online, já era visto como um bom jogador antes do Mundial. Muitos acreditavam que iria conseguir um bom resultado, mas eu aprendi a nunca ter as espectativas demasiado altas. Felizmente, essas pessoas estavam certas.
MBG – Fala-nos um pouco sobre a equipa que usaste no torneio.
Eduardo Cunha – A equipa que usei era constituída por Xerneas, Groudon, Kangaskhan, Hitmontop, Bronzong e Thundurus. Neste formato, era permitido usar-se até 2 dos Pokémon de uma lista composta pelos lendários mais fortes do jogo e eu optei pela Groudon e pelo Xerneas. Esta combinação é conhecido por ser das que mais sucesso teve durante o ano e é visto, pela maior parte, como a mais forte. Eu próprio usei-a durante quase toda a época. Tratando-se de um torneio tão importante, achei correto usar estratégias com as quais estava habituado, por isso escolhi esses dois. Kangaskhan é uma mega muito boa com Xerneas e Groudon, visto ajudar com Fake Out e oferecer forte presença ofensiva. Juntamente com Bronzong, a cangurú podia ajudar contra as equipas mais comuns com Groudon e Xerneas, visto me proteger do Dark Void do Smeargle com Safeguard e ajudar o Bronzong a controlar a velocidade com Trick Room. A combinação de Gravity e Precipice Blades é quase imparável, visto o primeiro não só aumentar a precisão do segundo, como também permite que imunidades ao tipo Terra sejam ignoradas. Contudo, não queria ajudar Groudon adversários com Gravity, por isso precisava de Intimidate e de Wide Guard para parar as Precipice Blades. Aí entra o Hitmontop que, além de cumprir todos esses papéis, ainda usa Fake Out para assistir o resto da equipa. Xerneas é mais conhecido por usar Geomancy, ataque este mais fácil de utilizar se tiver dois Pokémon com Fake Out. Por fim, Thundurus ajuda-me contra equipas rápidas e/ou com Kyogre, utilizando Thunder Wave e Thunderbolt. Em geral, acaba por ser uma adaptação mais original de uma equipa “standard”.
MBG – Como é que defines a comunidade Portuguesa de Pokémon?
Eduardo Cunha – A comunidade Portuguesa ainda precisa de evoluir muito. Embora muitos dos jogadores portugueses sejam de elevada qualidade, esta é muito pequena. Precisamos de mais jogadores para conseguirmos ter direito a organizar os torneios que os nossos membros merecem. O Claúdio Serpa é um santo, mas não daqueles que fazem milagres. Ele dedica-se a 100% para ajudar a comunidade, mas não pode fazer tudo. Precisamos de mais interesse para que consigamos torneios de nível regional e até nacional. A nível mais pessoal, acho que os membros desta comunidade são muito amigáveis e estão dispostos a ajudar quem precisa.
MBG – Qual é a tua opinião sobre o Pokémon GO?
Eduardo Cunha – Embora não jogue muito, acho que o Pokémon GO foi muito bem concebido. Adoro o conceito e acho que está cheio de potencial. Agradeco, também, a atenção que o jogo trouxe ao Pokémon, permitindo que a nossa comunidade cresça com a quantidade de pessoas que já não jogavam há muito tempo mas que pretendem voltar agora que o Pokémon GO reacendeu a chama.
MBG – Quais as tuas expectativas para o Pokémon Sun / Moon?
Eduardo Cunha – Estou muito indeciso relativamente ao Pokémon Sun / Moon. Embora a equipa encarregue do desenvolvimento do jogo pareça estar preocupada com questões competitivas, preocupação essa demonstrada pela incorporação de elementos que tornam Pokémon competitivos mais acessíveis, a inclusão dos ataques “Z” deixam-me receioso. Pokémon competitivo é um jogo muito estratégico e esses ataques deixam a ideia de serem demasiado poderosos. Para além disso, estou bastante entusiasmado por jogar um jogo novo. Mais uma aventura nostálgica me espera!
MBG – Que conselhos darias a alguém que se está a iniciar no Pokémon VGC?
Eduardo Cunha – Caso estejam a começar a jogar Pokémon VGC, aconselho-vos a pesquisar o máximo possível sobre formatos antigos em vários websites como a NuggetBridge. Foi isso que fiz quando comecei e recordo esses momentos com muito carinho. Claro que isto depende de cada um, mas eu adorava ler artigos mais antigos para compreender como funciona a comunidade e que conceitos são comuns a qualquer formato. Aconselho, também, a não temerem qualquer desafio. Nunca faltem a um torneio por pensarem que “não são fortes o suficiente”. Qualquer torneio acaba sempre por ser uma experiência valiosa para a evolução como jogador. Por fim, não hesitem em contactarem-me caso tenham alguma dúvida.
MBG – Para finalizar, queria mais uma vez agradecer esta oportunidade e caso queiras adicionar mais alguma coisa, agora é o momento.
Eduardo Cunha – Finalmente, gostava de agradecer a todos os que me apoiaram ao longo dos anos. Não tenho dúvida alguma de que nunca teria chegado ao Top 4 Mundial sem a ajuda de todos.
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